Falando de Psicologia … (17) – Afinal, timidez é medo ou ansiedade?

Afinal, timidez é medo ou ansiedade? 

Já falei sobre a timidez na infância. Hoje quero esclarecer alguns aspectos mais gerais, relativos a qualquer faixa etária.

Timidez não é medo. Tecnicamente, timidez é ansiedade em situações sociais. Quando se fala em ansiedade pensa-se em uma condição médica, uma doença. A timidez seria uma doença?

Vejamos, primeiro, a diferença entre medo e ansiedade.

Medo. Características:

  • apreensão ante ameaça real, objetiva;
  • risco de lesão física ou de se perder a vida.

Ansiedade. Características:

  • desconforto, no qual predomina apreensão, ante ameaça vista com os “olhos da imaginação”;
  • risco vago, com ou sem lesão física.

Contudo, a palavra “medo” está consagrada pelo uso, seja para descrever a timidez, seja para descrever uma situação em que a pessoa se sente ameaçada, mesmo na ausência de ameaça real.

O indivíduo médio apresenta ansiedade “normal” – É considerado normal que pessoas se sintam ameaçadas onde não existe perigo real, desde que isso ocorra ocasionalmente ou em circunstâncias específicas, e desde que não haja prejuízo significativo na sua qualidade de vida. A maioria das pessoas tímidas contribui para formar esse padrão médio. Entre quarenta e cinquenta por cento da população mundial se enquadram nos critérios de diagnóstico da timidez, em suas muitas apresentações.

A imensa maioria das pessoas tímidas não é considerada doente, pelos critérios das pesquisas já realizadas.

A timidez, assim como medo de falar em público, “medo do palco” e ansiedade de desempenho, são ocorrências comuns e estão ligadas a situações específicas. Exemplo: não é considerada doente a pessoa que fica um pouco tensa, com a respiração descompassada, o coração acelerado, ou mesmo quando apresenta algum distúrbio psicossomático (como diarreia ou micções frequentes), antes de certas situações, como falar em público, entrar no palco, começar uma prova de concurso, desde que essas manifestações de ansiedade passem e não prejudiquem o discurso ou o desempenho.

Mesmo não sendo considerada uma doença, a timidez pode ser um indicativo de problema psicológico. Sobretudo naqueles casos em que o indivíduo não realiza o seu potencial. Exemplos: se, em função da timidez, uma pessoa só consegue mobilizar parte do seu potencial para amar, dizemos que ela porta um problema nessa área. Se só consegue utilizar 50% da capacidade intelectual, isso certamente a prejudica. Se seu acesso aos próprios sentimentos for limitado, isso gera dificuldades. E assim por diante. Na timidez a pessoa não consegue realizar coisas pelas quais ela anseia muito, apesar do seu potencial – logo, trata-se de problema psicológico.

A timidez aumenta com o tempo?

Em certos casos, sim. Exemplo: uma pessoa tímida pode se envergonhar muito da própria timidez e com isso se tornar mais arredia ao contato. Nesse caso, a timidez inicial, por mais incrível que possa parecer, torna-se causa secundária da timidez, num processo de realimentação.

Diante do que foi exposto, podemos concluir que, embora não sendo doença, a timidez pode interferir negativamente na vida de qualquer um. É importante avaliar até que ponto se faz necessária, ou não, a ajuda de um psicoterapeuta.

 

 

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