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Falando de Psicologia … (27) – Dificuldades com os exercícios escolares.

 Dificuldades com os exercícios escolares

Acredito que, para a grande maioria dos pais de crianças que estudam, os exercícios escolares representem uma fonte de preocupação das mais incômodas. É que muitas crianças se recusam a fazer o chamado “para casa”, a menos que os pais tomem certas providências.

As perguntas mais comuns feitas a esse respeito, são:

  • Por que certas crianças têm tanta má vontade para fazer os exercícios de casa?
  • Quando as crianças não querem estudar, devemos forçá-las a isso?
  • Devemos dar presentes a uma criança quando ela fizer, sozinha, os deveres de casa?

Analisando estas perguntas, verificamos que existe um ponto comum entre elas. Ou seja, enquanto muitos pais dão um grande valor aos exercícios escolares, seus filhos já não pensam assim.

E como essas crianças devem ser tratadas para que se interessem pelo estudo?

Vou falar, mais especificamente, do significado que exercícios escolares podem ter, de acordo com a percepção de muitas pessoas (não só pais, como também certos professores).

Nas nossas escolas, todas as crianças devem levar para fazer em casa, diariamente, alguns exercícios relativos à matéria que está sendo ensinada pela professora. A finalidade primordial dessa tarefa é facilitar a aprendizagem da criança através de um parcelamento do programa. Assim, os deveres de casa constituem a maneira mais usada para proporcionar um conhecimento gradativo e crescente de tudo aquilo que se deve aprender na escola. Encarando a questão sob esse prisma, veremos que as crianças têm muito a lucrar com a confecção dos exercícios escolares. Tudo vai depender, no entanto, da maneira pela qual os pais vêem o estudo. Através de alguns exemplos, aparentemente exagerados, tentarei mostrar que a questão dos exercícios escolares não é tão simples como pode parecer.

  1. Os exercícios ocupam todo o tempo da criança. Muitas vezes, a criança leva tanto exercício para fazer em casa, que não lhe sobra tempo para outras atividades de seu interesse, como brincar ou assistir televisão, por exemplo. Mas, pode ocorrer, também, que certos pais, ansiosos pelo bom rendimento escolar do filho, passem a encarar os exercícios como um meio pobre e insuficiente para uma aprendizagem eficaz. Eles exigem, então, que a criança estude muito mais do que deveria, ocupando todos os seus momentos de folga. Isto é, mesmo depois de terminado o “para casa”, ela não tem permissão para fazer outra coisa, a não ser estudar. A criança quase não brinca e o cansaço pode provocar uma aversão pelos estudos.
  2. Os exercícios podem trazer alegria ou tristeza para a criança, sob a forma de recompensa ou castigo. Em alguns casos, a criança já está tão acostumada a exigir presentes e excesso de atenção dos pais, que o ato de estudar passa a constituir mais um pretexto para obter vantagens. E, até mesmo os exercícios escolares perdem seu valor real para significar, apenas, mais um meio que a criança utiliza para manipular os pais. De modo análogo, os exercícios podem constituir uma fonte de preocupação para a criança, já que muitos pais castigam severamente os filhos que não estudam como eles esperavam. E, o pior de tudo, é que os castigos, quando são aplicados nestas circunstâncias, geram tensão. E a tensão prejudica demais a aprendizagem.
  3. Os exercícios fazem com que a criança se sinta sempre avaliada. Ao invés de fazer parte de um contexto tranquilo, os exercícios provocam críticas constantes, deixando a criança insegura, pois os menores erros são ampliados, principalmente quando o adulto rotula a criança de incapaz, perdendo a paciência na hora de ensinar-lhe algo. E as observações comuns da professora (“capriche na letra”, “preste mais atenção…”) representam, para certos pais, uma verdadeira sentença para a situação de seus filhos como estudantes.
  4. Os exercícios trazem outras dificuldades para a criança. Pode ocorrer que ela tenha um irmão que sobressaia nos estudos e isso seja motivo de comparações e cobranças. Há casos em que os pais revivem, na hora de ajudar os filhos, velhas angústias de seu tempo de estudantes. É evidente que a hora do “para casa” não é algo desejado pela criança. 

Outros exemplos poderiam ser lembrados, mas o importante é ressaltar que paciência, respeito, discernimento, capacidade de orientação e muito amor são atributos que todos nós precisamos cultivar, sobretudo quando o objetivo é tornar nossos filhos pessoas mais felizes e produtivas.

 

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Falando de Psicologia … (26) – Criança e religião.

  Criança e religião

A religião desempenha um papel importante na vida da maior parte das pessoas. Quase todas as crianças, numa cultura como a nossa, são influenciadas (direta ou indiretamente) por práticas, ideias e crenças religiosas, até mesmo quando não recebem instrução religiosa formal. Existem estudos mostrando que a criança é mística, contemplativa e imitativa por natureza. Através da ação imitativa ela vai construindo seu conhecimento. A ação da criança, até os seis anos, tem a sua origem na ação dos adultos com os quais convive, dependendo deles e neles se inspirando. Eles são seus pontos de referência. Assim se estabelece uma relação de confiança, admiração e imitação entre a criança e os adultos de seu relacionamento, o que se evidencia também no tocante ao desenvolvimento e à vivência da fé.

A religião significa coisas diferentes, conforme a idade da criança. Antes dos seis anos as crianças se apegam aos pais por laços de amor, admiração e dependência. Gostam de brincar de casinha fingindo-se de mãe, pai ou filho. Quando vêem um animal, querem logo saber qual é o “pai” e qual é a “mãe”. Assim, as relações de família fornecem a principal estrutura e a primeira noção de conteúdo, em sua vida.

As crianças pequenas recebem o seu conceito de Deus diretamente dos pais. Se eles O concebem de forma muito rigorosa, é assim que Ele será imaginado. Se acreditarem que Ele é bom, da mesma forma pensará o filho. As crianças assimilam que Deus gosta delas e quer que sejam boazinhas. Muitos pais falam de Deus com o intuito de reforçar a sua filosofia de moralidade e disciplina. Portanto, as ideias e imagens religiosas de uma criança são influenciadas por suas experiências da vida cotidiana. A sua concepção dos atributos de um Deus paternal será influenciada, de forma clara ou não, por sua percepção dos atributos de seus próprios pais ou de outras pessoas que desempenham papéis paternais. As experiências concretas, para as crianças mais novas, determinam quais serão suas ideias no plano religioso. Isso mostra a extensão da nossa responsabilidade no que se refere ao desenvolvimento da fé de nossos filhos.

Para ilustrar o quanto a imitação está presente na infância, vou narrar um episódio ocorrido há algum tempo. Durante um encontro de preparação para o batismo, falávamos sobre a importância da oração, na vida de cada um de nós, e de como o exemplo dos adultos é essencial para sensibilizar a criança na sua busca de Deus. Uma jovem senhora, cujo filho seria batizado na semana seguinte, contou-nos algo muito interessante. Seu filhinho, então com oito meses de idade, estava “começando a rezar”, segundo ela. Isso porque o bebê, no colo da mãe, imitava, com a boquinha, os movimentos dos lábios e os sons que ela emitia, toda vez que ficavam diante de seu oratório. Essa jovem, desde que o garotinho nasceu, tinha o costume de levá-lo diante da imagem de Nossa Senhora, e sempre rezava uma Ave Maria, pedindo proteção para o filho. Uns dois meses depois, ele começou a imitá-la de forma bem clara. E mesmo que a mãe ficasse em silêncio, ele murmurava algo, como se estivesse rezando (sempre diante do oratório). Naturalmente, esse bom exemplo da mãe foi reforçado com as devidas explicações no momento oportuno, à medida que a criança foi crescendo.

Muito se poderia dizer sobre a imitação, no processo de aprendizagem, de um modo geral. Aos poucos o indivíduo vai se firmando nas suas atitudes e sua personalidade começa a se fortalecer. Dependendo das vivências familiares, as crianças alcançarão um amadurecimento nas mais diferentes áreas, incluindo a religiosa. E sua atitude crítica mostrará até que ponto seus pais se mostram coerentes naquilo que falam e fazem. Desta experiência depende muito o futuro religioso dos filhos. Portanto, da mesma forma que é necessário se pensar na sua herança material e cultural, não se pode negligenciar seu patrimônio espiritual. Esse cuidado irá refletir no equilíbrio do indivíduo, como um todo.

 

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Falando de Psicologia…(25) – Namorar ou “ficar”… eis a questão.

Namorar ou “ficar”, eis a questão

Os jovens falam muito em “ficar” com alguém. Mas, o que vem a ser isso? Por definição, “ficar” implica numa troca de carinhos por um período curto, sem compromisso de namoro.

O adolescente, ao “ficar”, exercita sua descoberta do prazer, da atração física, da sexualidade. E esse “ficar” está isento de vínculos ou de responsabilidades. Aliás, muitos jovens consideram o compromisso como um aprisionamento (referindo-se à dependência psicológica entre os parceiros e a falta de liberdade para vivenciar outras experiências). Pode-se pensar que houve uma perda da auto-estima, ou de valores morais. Mas, o que ocorreu foi uma transformação de valores. Assim, o jovem atual – usufruindo de uma liberdade muito maior – pode procurar seu par para namoro durante os momentos em que ele “fica” com alguém. Há adolescentes que atribuem ao beijo uma qualidade extra: comunicar sintonia entre os pares. A partir daí, pode surgir um namoro.  Em outras palavras, a atração pode ser vivida sem a sensação de um amor romântico (aquele que pede fidelidade, reciprocidade e compromisso, onde o relacionamento humano transcende o simples desejo sexual). O “ficar” caracteriza uma época em que os pais não mais controlam seus filhos e a facilidade de contato propicia novos conhecimentos.

  Namorar abrange um sentido de permanência, de mais consistência na relação, de maior envolvimento. Típico do namoro, o compromisso inclui respeito e amizade, além de atração física. No namoro, à medida que os contatos visuais, telefônicos e físicos se intensificam, a afetividade vai surgindo e transformando a qualidade da intimidade. Há uma interação no campo intelectual, permeado de compromisso um com o outro. Aparece um desejo de continuidade, o que remete ao futuro e ao passado dos pares. Nessa troca afetiva surge um sentimentalismo típico de um par romântico, onde o tempo de namoro é algo bastante valorizado. E entre dois jovens que “ficam”, nem sempre existe afeto aliado à atração física.

  Resumindo:

  • “ficar” corresponde a período breve, num relacionamento;
  • “ficar” não implica em compromisso;
  • “ficar” não implica em sentimentos duradouros;
  • “ficar” não implica em romantismo.

De qualquer maneira, cabe a nós, adultos, zelar pela boa formação dos nossos adolescentes, de tal forma que eles possam vivenciar suas experiências com discernimento e responsabilidade, sem perder a leveza de sua juventude.

Falando de Psicologia … (24) – Nossa necessidade de crer.

Nossa necessidade de crer

À medida que vai descobrindo progressivamente que seus pais não são perfeitos nem onipotentes, que existe um mundo além do círculo familiar, que outras pessoas – sejam crianças ou adultos – vivem de modo diferente do seu, a criança percebe – (embora sem muita clareza) – que o seu universo se amplia enquanto seu pensamento se modifica. A noção que tem de Deus e da religião também terá de passar por essas transformações. O Deus protetor que sua imaginação construiu, o Deus utilitário a quem recorria em caso de necessidade, tende a dissipar-se, dando lugar ao Deus que será invocado de maneira mais desinteressada, com quem será possível estabelecer uma relação mais pessoal. Um Deus menos intervencionista que poderá tornar-se, no início da adolescência, um interlocutor, um confidente e um amigo. A adolescência chega ao fim, mas as transformações continuam…

Na juventude o indivíduo costuma enfrentar mudanças diversas, incluindo as questões religiosas. Muitos universitários vivem momentos de angústia frente a uma pluralidade de indagações para as quais não obtêm respostas que os satisfaçam. Tornam-se adultos cheios de dúvidas de caráter existencial, presas fáceis da perda de fé. Dependendo das circunstâncias, o saldo final poderá ser bastante positivo, na medida em que o amadurecimento psicológico venha acompanhado de um amadurecimento na fé.

Antes de falar sobre esse aspecto, vejamos algumas considerações sobre a perda de fé.

Segundo o teólogo Luís González-Carvajal, “o silêncio de Deus assinala a morte de uma imagem concreta de Deus, pobre demais, que havíamos fabricado para nós mesmos e que, diante de uma situação nova, não responde a nossas expectativas, nos frustrando”. Em seu livro “Nossa Fé, Teologia para universitários”, ele cita afirmativas muito expressivas, de Leon Tolstoi e Tomás de Aquino, a propósito da crise de fé.

Segundo Tolstoi:

“Se te vem a ideia de ser falso tudo o que pensavas sobre Deus, e de que não existe Deus, não te assustes por isso. Acontece a muitos. Se um selvagem deixa de crer em seu deus de madeira, não é porque não haja Deus, mas porque o verdadeiro Deus não é de madeira”.

Tomás de Aquino já dizia que a fé é “menos certa” do que o conhecimento, porque as verdades da fé “transcendem o entendimento do homem”.

Carvajal pondera que, ao trabalharmos nossa insegurança na fé, podemos chegar à seguinte conclusão: “se houve um tempo em que nos acusávamos de ter dúvidas de fé, hoje deveríamos procurá-las de propósito, como a única maneira de irmos passando do deus de madeira ao Deus de verdade”.

E cita essas palavras de Tomás de Aquino:

“É necessário que aquele que queira conhecer qualquer verdade, conheça todas as dúvidas e dificuldades que existam contra aquela verdade, porque, na solução daquelas dúvidas, encontra-se a verdade. Assim, para saber verdadeiramente, ajudam muito as razões de teses contrárias”.  

Tais afirmativas nos permitem inferir que, por mais penosa que seja uma crise de fé, nossa necessidade de crer em algo maior nos leva ao encontro de Deus, mais cedo ou mais tarde. E esse encontro nos mostrará os caminhos para uma vida cada vez mais satisfatória, sob todos os aspectos, onde se complementam aspectos positivos tanto do lado psicológico, quanto do lado espiritual. É importante salientar que um processo integral de amadurecimento (emocional e espiritual) não ocorre de forma linear, contínua. Podemos ter oscilações que vão e voltam indefinidamente, mas isso não invalida nosso mérito, perante Deus. Ele sempre saberá entender nossa finitude e nossa utopia, nos movendo em direção a incessantes buscas de coerência e estabilidade, como se tais características pudessem se harmonizar, algum dia, com todas as nossas imperfeições…

Quero finalizar lembrando João Paulo II, que ao escrever sua encíclica “Fides et Ratio” (“Fé e Razão”), nos ensina que: “a fé e a razão são como duas asas, pelas quais o espírito humano pode voar em direção à verdade”.

 

 

 

Falando de Psicologia … (23) – O adolescente e as crenças religiosas

O adolescente e as crenças religiosas

     A palavra “adolescente” começou a se popularizar na época da Segunda Guerra Mundial. Através dos tempos, os adolescentes têm buscado sua identidade, enquanto tentam estabelecer sua independência com relação aos pais. Muitos autores situam a adolescência no período que vai dos onze aos dezoito anos, aproximadamente. O início da adolescência é marcado pela puberdade, época em que o indivíduo experimenta modificações profundas, tanto físicas como emocionais. A aparência do corpo muda bastante, como também se alteram os interesses e a forma de encarar o mundo. Ao lado de um crescimento físico característico, há também a “explosão” do crescimento intelectual. O adolescente desenvolve um novo padrão de pensamento. Enquanto era criança, pensava em termos concretos sobre ações e acontecimentos. Agora que é adolescente, começa a pensar em termos abstratos sobre conceitos como honestidade, lealdade e justiça. Com o pensamento abstrato, sente-se diante de um mundo onde as possibilidades parecem ilimitadas. O adolescente passa a ter a capacidade de imaginar como as coisas poderiam ser diferentes, como o mundo seria se não houvesse guerras, ou como pais compreensivos tratariam seus filhos. O universo das possibilidades abre todo tipo de porta para a descoberta de uma identidade própria.

     A adolescência é, também, a idade da razão. O adolescente consegue pensar de maneira lógica e ver as consequências das diferentes atitudes que ele adotar (embora muitos se mostrem inconsequentes). Ele aplica essa lógica não apenas nas suas deliberações, como também na argumentação com os pais. Por isso, o adolescente geralmente é visto como um “questionador”. Na verdade, ele só está desenvolvendo suas habilidades mentais e tentando se afirmar. Se os pais entenderem isso, podem ter conversas interessantes e significativas com seus filhos.

     A habilidade intelectual de analisar ideias e ações de uma maneira lógica e de projetar as consequências de certas crenças, dá margem a um típico desafio adolescente, ou seja – o exame dos sistemas de crenças em que o adolescente foi criado. Ele questiona se aquelas crenças são realmente válidas para que ele se comprometa com elas. Os pais, quando questionados sobre suas crenças, devem procurar dar respostas honestas, mas não de um modo autoritário, o que poderia desencorajar o adolescente a continuar explorando suas ideias. Essa é uma boa oportunidade para promover um diálogo sobre valores (éticos, morais ou religiosos) que foram ensinados ao longo dos anos. Porém, se os pais condenarem o adolescente por esses questionamentos, talvez até acusando-o de estar colocando em dúvida as crenças e valores da família, ele é forçado a ir fazer essas perguntas em outro lugar.

     Religião é algo importante para o adolescente contemporâneo. Uma pesquisa do Instituto Gallup, feita nos Estados Unidos, indica que quatro em cada cinco adolescentes (79%) vêem a fé como algo imprescindível. A maioria deles (64%) pertencia a uma igreja, sinagoga ou outro grupo religioso. Metade deles (49%) disse que sua vida pertencia a Deus ou a alguma força superior. Mais de um terço (35%) disse que sua fé era a influência mais fundamental em sua vida. Quatro em cada dez adolescentes (42%) disseram que haviam participado de uma cerimônia religiosa na semana anterior. Uma outra conclusão é que os adolescentes de hoje estão mais interessados nas experiências e nos relacionamentos que podem ter nos grupos religiosos, do que numa crença religiosa abstrata. Se o grupo religioso for receptivo, carinhoso e lhes der apoio, eles se sentirão atraídos para lá, mesmo que não concordem com muitas das convicções desse grupo.

     O adolescente é inquieto. Além de questionar as crenças religiosas de seus familiares, ele examinará o modo como elas são aplicadas na vida cotidiana, podendo até transitar por outras crenças. Se os pais reconhecerem esse direito a ideias independentes e que as decisões dos adolescentes estão em processamento, e se também estiverem dispostos a investir tempo para criar uma atmosfera favorável a diálogos construtivos, o adolescente continuará adepto da boa influência dos pais. Para finalizar, é importante mencionar uma outra conclusão da pesquisa já citada: “Mesmo que as rejeições à religião sejam dramáticas, raramente se tornam permanentes”.

 

Falando de Psicologia… (22) – O que vem a ser enurese?

O que vem a ser enurese?

A palavra enurese significa falta de controle sobre o ato de urinar, podendo ocorrer durante o dia (enurese diurna), ou durante a noite (enurese noturna).

O controle sobre a emissão da urina, assim como o controle do intestino, está relacionado com o desenvolvimento total da criança. A partir do nascimento, começam a se desenvolver certas funções do organismo. Assim, nos primeiros meses, a criança é capaz de levantar a cabeça e isso resulta de um desenvolvimento dos músculos do pescoço e de um controle sobre estes músculos. Depois, ela é capaz de sentar-se, o que resulta do desenvolvimento de vários músculos do abdômen, das costas, das pernas. E esse desenvolvimento muscular vai progredindo até que a criança seja capaz de engatinhar e andar.

Da mesma forma, os músculos da bexiga vão se desenvolvendo e ficando sob controle. Quando esse amadurecimento se completa, a criança é capaz de controlar a emissão da urina. Tudo isso envolve, também, uma participação dos nervos que vão até a bexiga. Por volta dos dois anos de idade, a maioria das crianças completou esse amadurecimento. Em primeiro lugar aparece o controle diurno e, depois, o noturno. Entretanto, algumas crianças atrasam um pouco. Só vão conseguir o controle diurno aos três e o noturno aos quatro, ou mesmo aos cinco anos. A conclusão que nós podemos tirar daí é que se torna infrutífero insistir para que uma criança não urine na roupa ou na cama, antes da época em que se completou o seu desenvolvimento. Um bom critério para se saber se tal amadurecimento foi alcançado por uma dada criança, é verificar se ela consegue manter sua roupa seca por um período maior. Por exemplo, durante o sono diurno, ou quando está brincando, ou quando sai de casa. Se ela consegue, isso é sinal de que está preparada para receber os estímulos ou os ensinamentos para conseguir um controle cada vez maior. De um modo geral, por volta dos dezoito meses o bebê começa a ter noção do que representa molhar a fralda e algum treinamento já pode ter início, com muita paciência e carinho.

Por que algumas crianças continuam com enurese noturna depois dos cinco anos?

Existe uma infinidade de razões para que isso aconteça. Vejamos algumas.

Uma das mais significativas se refere à exigência que muitas mães fazem a seus filhos para que controlem a emissão de urina, mesmo que eles não estejam preparados para isso. E elas procuram justificar essa exigência de várias maneiras: para que seus filhos sejam mais limpos e disciplinados, para que as amigas não possam criticá-los, para mostrar que eles aprendem com rapidez, para provar que eles são adiantados para a idade, e assim por diante. Estas coisas acabam por confundir a criança, pois ela não entende seus significados, nem tem condições fisiológicas para corresponder às expectativas da mãe. Instala-se, com frequência, uma ansiedade que é canalizada para as vias urinárias. O controle, então, ficará prejudicado, mesmo que os músculos da bexiga já estejam desenvolvidos. O resultado, portanto, é uma enurese de causa psicológica.

Um outro caso em que a enurese não é superada na devida época é aquele em que a criança tem uma ansiedade por motivos diferentes dos citados e que, por razões ainda não explicadas pela psicologia, essa ansiedade é canalizada para as vias urinárias, bem como para outros sistemas ou órgãos. Dificuldades na escola, ciúmes de um irmão, sentimento de não ser amada pelos pais, são algumas das causas mais prováveis para que essa ansiedade apareça. Também nesses casos a enurese noturna permanece por mais tempo, embora os músculos da bexiga já estejam desenvolvidos.

Uma recomendação muito importante é que se faça uma avaliação com o neuropediatra, antes mesmo de se procurar o psicólogo, pois devem ser afastadas quaisquer possibilidades de um comprometimento orgânico.

 

Falando de Psicologia … (21) – Quando os irmãos brigam

Quando os irmãos brigam

A briga entre irmãos sempre ocorreu, em qualquer família e em todas as gerações. Aliás, já foi tema de inúmeras obras de literatura e aparece até mesmo na Bíblia (Caim e Abel, dentre outros exemplos).

Quando as crianças brigam, é natural que os pais se mostrem preocupados e queiram saber como agir. Daí a importância de se saber o que há por trás das brigas infantis. Se considerarmos que são uma decorrência da agressividade, temos que levar em conta alguns fatores:

_ o que é agressividade;

_ quando é que aparece;

_ por que aparece.

Segundo Freud, “a agressão é uma característica universal e necessária. Sem ela, o indivíduo seria incapaz de competir em um meio indiferente e hostil e assegurar as condições essenciais de existência. Jamais poderá ser ela eliminada da sociedade humana e, pelos seus valores positivos, tampouco é desejável que ocorra”. Em termos mais simples, a agressividade seria uma reação própria do ser humano em determinadas circunstâncias, principalmente se ele é impedido de fazer algo que lhe agrada. Portanto, a agressividade é uma das formas de reagir às frustrações.

Quando e por que uma criança se mostra agressiva?

As tendências agressivas são mais evidentes após um ano de idade e costumam ser mais precoces e intensas no sexo masculino. Entre os três e seis anos muitas crianças demonstram maior agressividade, o que propicia o aumento das brigas. E isso se explica pelo fato de que a criança não pode fazer tudo o que quer e ainda não dispõe de senso crítico para saber se está certa ou errada. Ela simplesmente precisa se opor para mostrar que também é gente, que também tem opinião.Há uma grande necessidade de auto-afirmação, de independência. Além disso, há outras causas da agressividade infantil: frustração, ciúme de um irmão, necessidade de chamar atenção, insegurança, sentimento de rejeição, criança superprotegida etc. Seja qual for a origem da agressividade, é necessário permitir a sua manifestação. Porque é exprimindo sentimentos – no caso, sentimentos hostis – que a criança vai se firmando como pessoa. Tal expressão dá a ela uma segurança crescente de sua existência como ser único, que “sente”, que “vive”, que “respira”, que “tem raiva”, que “ama”, enfim, que existe. Esta experiência de individualidade e de valor pessoal é muito importante para um desenvolvimento sadio. A família propicia a segurança para essa expressão, o que não se consegue fora. A criança sabe, de algum modo, que pode brigar com o irmão, pois alguém a defenderá de algum desastre. Ela sabe que os pais poderão intervir em caso de excesso. Além disso, já experimentou sentimentos de afeto pelo irmão e já recebeu manifestações de afeto dele. Isso dá a ela a confiança de que, embora brigando, existem poucos riscos de se machucar, realmente.

Pessoas afirmativas, seguras, confiantes, surgem quando, em criança, têm como expressar seus sentimentos, sejam de afeto, sejam de agressividade. E, ao contrário, pessoas tímidas, desconfiadas, que não acreditam em si mesmas, podem surgir quando, em criança, são impedidas de identificar e expressar os próprios sentimentos, pois não tiveram oportunidade de descobrir o que existe dentro delas.

Mas, a briga entre irmãos é sempre benéfica?

Não, existem condições em que ela pode ser prejudicial.

É o caso, por exemplo, de se permitir que as crianças cheguem a se machucar. Isso não é bom para ambas. Para a que se machucou, porque ela pode desenvolver medo de brigar das próximas vezes e ser levada a conter seus impulsos agressivos. Para a agressora, porque ela pode sentir-se culpada. Se isso acontece uma ou duas vezes e se o dano físico não é grande, não existem maiores consequências para uma ou outra. Mas, se o episódio se repete com frequência, então os riscos de que as duas crianças se prejudiquem é evidente.

Uma outra situação indesejável é quando as brigas transcorrem num clima de dominação de uma criança e submissão da outra, terminando com a primeira impondo-se sempre à segunda. A criança dominadora pode tornar-se exigente, intransigente e ter dificuldade de se adaptar a outras crianças. A criança dominada não desenvolve a iniciativa e a autoconfiança.

Também é ruim quando os pais interferem muito nas brigas. Como há sempre alguma diferença de idade, a criança menor pode julgar que os pais não acreditam nela, na sua capacidade de se defender; e essa suspeita pode desenvolver, na maior, um sentimento de que é “má”, pois está fazendo algo que os pais reprovam.

Em resumo, as brigas infantis podem ser uma ocorrência normal e até importante para o desenvolvimento de uma personalidade sadia. Cabe aos pais ter o discernimento e o bom senso necessários para saber como ajudar cada filho.

 

Falando de Psicologia…(20) – Quando os filhos “escravizam” suas mães.

Quando os filhos “escravizam” suas mães 

Frequentemente sou procurada por mães que se declaram esgotadas, de tanto lutar para acabar com certas “manias” dos filhos. Elas se referem à dificuldade em torná-los pontuais e organizados. E isso parece ainda mais evidente quando envolve questões escolares (horário para estudar, cuidados com o material) e hábitos de higiene. As mães se desdobram, mas com pouco resultado.

Por que certas crianças “escravizam” as mães? 

As razões costumam variar bastante. Vão desde uma falta de disciplina comum, até problemas psicológicos na criança.

Assim, uma criança pode ser desorganizada porque não aprendeu a cuidar do que é seu. Da mesma forma, uma outra criança pode ter dificuldades emocionais que a impedem de aproveitar os ensinamentos dos pais.

Vejamos com maiores detalhes as causas desses comportamentos.

  • Falta de disciplina. A criança não foi devidamente orientada pelos pais e, então, mostra-se desorganizada ou impontual, ou com algum outro tipo de comportamento indesejável.

A disciplina, dependendo da forma com que é aplicada, pode provocar um efeito negativo sobre a criança. Isso geralmente ocorre quando os pais enfatizam sua reação à falta cometida (isto é, sua irritação, desânimo, raiva, decepção diante da conduta do filho), desestimulando a criança a mudar de atitude. Seria bom que os pais mostrassem as vantagens de uma determinada maneira de agir. Mas, com grande dose de paciência e compreensão, sem os castigos ou humilhações que fazem a criança sentir-se culpada ou revoltada.

  • Idade da criança. Pode não estar ao alcance da criança compreender a importância da ordem e dos horários, e como mantê-los. Por exemplo, exigir que uma criança de seis anos arrume todo o seu material escolar, bem como se responsabilize pelos deveres de casa sem a supervisão de um adulto, pode ser algo que, ao invés de proveitoso, acabe por prejudicá-la. De modo análogo, não se pode esperar que uma criança muito nova saiba respeitar os horários das refeições. Para ela, o que conta é seu apetite, ou a atração que certas guloseimas provocam. A orientação – tanto materna, quanto paterna – é essencial para promover bons hábitos na criança, sobretudo os que se referem à higiene pessoal, alimentação e estudos.
  • Imitação. Certos pais costumam exigir que a criança faça certas coisas que eles próprios não fazem. É o caso, por exemplo, da criança que nunca vai para a mesa quando a refeição é servida, mas só depois que esfria. A mãe fica irritada com o filho, mas nem sempre percebe que ele está apenas seguindo o “exemplo” do pai, que por sua vez sempre chega atrasado.
  • Prêmios que a criança recebe. Assim como os castigos, também as recompensas têm seu lado negativo. Quando os pais dão prêmios para a criança ficar quieta ou não fazer desordem, ela pode usar dos mesmos comportamentos indesejáveis para obter novas vantagens. Por exemplo, algumas crianças começam a fazer “bagunça” de propósito, só para que os pais prometam algum presente que as faça desistir de continuar com a desordem que iniciaram.
  • A criança não aprendeu a distinguir o certo do errado. De um modo geral, isso ocorre quando os pais são instáveis, inconstantes ou contraditórios. Usando ainda aquele exemplo da criança que se atrasa na hora das refeições, podemos supor que ela não se habituou a respeitar o horário porque seus pais não souberam como orientá-la.

Assim, se a mãe (ou o pai) se mostra tolerante num dia, com o mesmo comportamento que provocou grande irritação na véspera, é de se esperar que o filho fique confuso. Certamente, os problemas de disciplina surgirão.

  • Problemas psicológicos da criança. Pode ocorrer que a criança tenha capacidade para agir corretamente, mas não o faça por ser portadora de problemas emocionais. Assim, uma criança muito agressiva ou muito rebelde, pode ter sérias dificuldades na execução de uma tarefa, por mais simples que seja. Como, por exemplo, guardar seus objetos sempre no mesmo lugar.

Em linhas gerais, essas são as causas que quase sempre estão por trás de um comportamento indesejável.

É fácil concluir que, da mesma forma que uma criança precisa ser livre e receber estímulos que a tornem independente, deve também ser preparada pelos pais a fazer bom uso dessa liberdade. Portanto, não se trata de excesso de autonomia ou de excesso de restrições. Mas de um meio termo, onde coexistam atitudes de aprovação e de repreensão, de carinho e de colocação de limites, para que a criança possa assimilar, através dos pais, um modo equilibrado de agir e de se comportar, de acordo com as exigências de cada situação.

 

Falando sobre Psicologia…(19) – Quando os pais se sentem culpados

 

Quando os pais se sentem culpados 

Qualquer pessoa pode experimentar sentimento de culpa em certas circunstâncias. Trabalhando como psicoterapeuta durante décadas, pude observar que muitos pais, de gerações diferentes, estão sujeitos a sofrer com a culpa em relação aos filhos. E isso acaba interferindo na hora de colocar limites. Ocorre certa confusão entre permissividade e manifestação de afeto. Ou seja, permitindo tudo aos filhos, certos pais acreditam que conseguirão estabelecer um vínculo afetivo maior, mais significativo. Mas se esquecem de que a incapacidade de dizer “não”, ou os sentimentos de culpa associados à ausência de limites, são tão nocivos quanto o autoritarismo, na medida em que provocam uma dificuldade de adaptação social. Uma criança que cresce sem limites não tolera a espera, é incapaz de ceder quando se trata da satisfação de suas necessidades, não convive bem com as frustrações e não aceita que as coisas não funcionem do seu jeito. Se pararmos para pensar sobre isso, vamos verificar que tais crianças dizem “não” com muita facilidade, enquanto seus pais relutam em fazê-lo. Recusam-se a obedecer em suas atividades diárias, como por exemplo: na hora do banho, na hora das refeições, na hora de ir para a escola ou de fazer as lições de casa. É importante lembrar que ninguém nasce com o perfil de um tirano. As condições ambientais podem transformar uma criancinha inocente em alguém extremamente rebelde e insatisfeito, não só na infância, como também na adolescência e até mesmo na idade adulta.

A dificuldade em dizer “não” e estabelecer limites, muitas vezes está diretamente ligada ao sentimento de culpa que os pais experimentam por se ausentarem de casa, passando o dia todo envolvidos com seu trabalho ou com outras atividades. Quando se encontram com os filhos, querem compensar tal ausência por uma permissividade que desconhece o bom senso e a adequação. Alguns até almoçam em casa, mas se mostram incapazes de dar uma boa orientação. Assim, se o filho pede algo, eles interrompem uma atividade (como assistir um noticiário na TV, por exemplo), agindo como se o desejo do filho fosse uma prioridade absoluta.

Para tentar ajudar esses pais, vou citar alguns elementos que devem ser lembrados.

Nesse momento quero me dirigir a eles com o maior respeito e carinho, pois é grande o sofrimento de quem experimenta sentimento de culpa e ainda precisa ter energia e discernimento para exercer uma profissão. Portanto, pais:

  • Não tenham medo de exercer sua autoridade. Lembrem-se de que os limites, quando colocados de forma justa e coerente, podem ser até mesmo terapêuticos.
  •  Ninguém precisa ficar fisicamente junto 24 horas por dia, para ter uma relação autêntica e feliz.
  • Reavaliem sua disponibilidade de tempo, pois não é saudável se sacrificarem com uma carga horária de trabalho que comprometa seu tempo livre para dedicar aos filhos.
  • A educação de nossos filhos deve ter como objetivo fundamental o desenvolvimento de pessoas responsáveis, maduras e autônomas.

 

Falando de Psicologia … (18) – Quando as palavras não surtem o efeito desejado.

Quando as palavras não surtem o efeito desejado 

Inúmeras são as mães que enfrentam um tipo de dificuldade com seus filhos: eles não lhes obedecem, por mais que elas repitam suas determinações e censuras. Ocorre um desgaste generalizado e o problema da rebeldia não se resolve.

Vejamos o que acontece com muitas mães que desejam corrigir um filho (com os pais os comportamentos que citarei a seguir são menos frequentes, por vários motivos, sobretudo quando eles ficam menos tempo com os filhos, no seu dia a dia).

  • A mãe tem dificuldade em manter a ordem dentro de casa (seja com os filhos, com a empregada ou com qualquer pessoa que se ache envolvida no ambiente familiar).
  • A mãe é contra castigos de qualquer natureza e prefere “conversar” com o filho. Mas, acaba perdendo o foco na medida em que exagera através de repreensões longas, cansativas e infrutíferas.
  • A mãe quer sempre impor sua vontade ao filho. Com o excesso de palavras ela tentaria fortalecer seus pontos de vista perante a criança ou o adolescente.
  • A mãe, através de suas palavras, pretende levar o filho a agir racionalmente. Por isso mesmo, ela se desdobra em explicações sobre o “porquê” de tudo. Conforme o nível de compreensão da criança, certos detalhes fogem ao seu alcance, tornando inútil todo o discurso da mãe.
  • A mãe se preocupa demais com a opinião alheia. Ao repreender o filho, lembra-lhe: “como é feio fazer isso”, “o que os outros vão pensar” e assim por diante.
  • A mãe não tem controle emocional. Sabe que fala demais, mas não consegue evitar que isso aconteça. Se o filho faz algo errado, ela costuma falar ainda mais.

O que fazer, então, quando as palavras não surtem o efeito desejado? 

Em primeiro lugar, precisamos definir nossos objetivos. Muitas vezes a mãe está tão confusa e esgotada, que é quase impossível a criança assimilar o sentido de suas palavras. Se pretendermos ajudar nossos filhos através de uma disciplina bem dosada, temos que observar alguns dos seguintes aspectos:

  • Não fazer exigências a todo o momento. Acabaríamos cansando a criança e não alcançaríamos bons resultados.
  • Manter uma decisão, desde que resolvemos tomá-la. Por exemplo, se determinamos ontem que a criança não deve chupar balas antes das refeições, hoje não podemos voltar atrás e permitir. A criança ficaria sem um ponto de referência, entre outras coisas negativas que poderiam ocorrer.
  • Na medida do possível, devemos ser coerentes naquilo que pensamos e colocamos em prática. Por exemplo, se achamos que a criança não deve mexer num determinado objeto, é preferível impedir que ela o faça, do que permitir a contragosto e depois lhe comunicar nosso desagrado através de palavras de censura.
  • Oferecer alternativas, para que a criança aceite melhor certas normas de disciplina. Por exemplo, ela não pode comer guloseimas antes das refeições, mas tem todo o direito de fazê-lo após o almoço ou o jantar, mesmo que tenha comido pouco dos outros alimentos.
  • Falar o mínimo possível nos momentos de crise. Procurar palavras de acordo com o nível de compreensão da criança, para que ela possa tirar proveito daquilo que temos a comunicar.

Em síntese, eu diria que o diálogo é muito recomendado por nós, psicólogos. Mas, quando nossas palavras são utilizadas para modificar um dado comportamento, devemos escolhê-las com cuidado para que cumpram seu objetivo. E, conforme a situação, falar menos e agir mais é a conduta mais indicada.