Falando de Psicologia … (28) – Quando uma criança gosta de brincar com fogo (I)

Quando uma criança gosta de brincar com fogo (I)

     Uma senhora está bastante preocupada com o filho porque este aprecia certas brincadeiras relacionadas com fogo (riscar fósforos, mexer no fogão, acender velas e queimar papéis). Ela já tentou impedi-lo de fazer isso, mostrando o lado perigoso de tais brincadeiras. Como não obteve resultado com essa medida, tentou outras, como: esconder todas as caixas de fósforos, repreender severamente a criança e aplicar castigos diversos. Nada disso adiantou.

     Ela pergunta, então: “É normal uma criança gostar tanto assim de brincar com fogo?” 

Não se trata de dizer se é “normal” ou não. Até certo ponto, é perfeitamente aceitável esse interesse pelo fogo. Em alguns casos, porém, a brincadeira com fogo é mais um sinal de que algo não vai bem com a criança. Vou mostrar essas duas possibilidades, analisando os seguintes pontos:

  1. O que leva uma criança a se interessar pelo fogo.
  2. Quando a brincadeira com fogo é sinal de problema psicológico.
  3. Como agir, no sentido de ajudar a criança e, ao mesmo tempo, diminuir a preocupação dos pais.

Já se observou que muitas crianças, no período que vai dos três aos seis anos, costumam sentir uma forte atração pelo fogo. Assim, pegam toda caixa de fósforos que encontram, não só para riscá-los, como também para atear fogo em muitos objetos. Algumas chegam a provocar verdadeiros incêndios, a partir de uma brincadeira com fósforos. Não resta a menor dúvida de que o risco de acidentes existe sempre e que os pais têm razão em se preocupar com o fato.

Mas, constatar que é comum a criança gostar de brincar com fogo, e que isso é perigoso para ela e para as outras pessoas, não é o que nos interessa aqui. O importante é procurarmos compreender o que leva uma criança a atear fogo em alguma coisa, para sabermos como agir, conforme cada situação.

             O que leva uma criança a se interessar pelo fogo?

Se considerarmos a curiosidade natural de uma criança, veremos que é perfeitamente aceitável que o fogo desperte nela o mesmo interesse que a água, a terra ou a areia, os brinquedos novos e os lugares diferentes. Uma criança geralmente aprecia essas coisas, como sabemos. Aliás, ela precisa conhecer tudo aquilo que esteja ao seu alcance. E nesse sentido, a curiosidade é um fator natural e favorável ao desenvolvimento de qualquer criança.

Além desse fator, existe um outro que também explica a atração pelo fogo. Trata-se da imitação. Ou seja, as crianças (sobretudo as mais novas) mostram uma tendência acentuada a imitar as pessoas de seu convívio. Ora, no contato diário com os adultos, uma criança comum pode ver, a todo instante, como eles se utilizam do fogo – para cozinhar, para acender cigarros (infelizmente ainda é grande o número de fumantes) ou até mesmo para acender as velinhas de um bolo de aniversário…

Como podemos esperar que seja fácil, para uma criança, privar-se de uma experiência que a faz parecer com o adulto?

Já que estamos falando em características da infância (curiosidade e tendência à imitação) não podemos nos esquecer da necessidade de chamar atenção. Essa é, também, uma característica que pode levar uma criança a se interessar pelas brincadeiras com fogo.

Mas, chamar atenção através de uma brincadeira com fogo nem sempre é algo tão natural e aceitável. É isso que veremos no próximo artigo (implicações psicológicas e maneiras de ajudar uma criança que aprecia brincadeiras com fogo).

 

 

 

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