A criança que tem medo
Mesmo aposentada como ludoterapeuta, posso observar que muitos pais se preocupam em excesso com certos comportamentos dos filhos, o que muitas vezes transforma em problema, algo que desapareceria naturalmente. É o caso do medo, por exemplo.
Ninguém deve esperar que uma criança cresça sem sentir medo de alguma coisa. Aliás, é comum encontrarmos crianças da mesma faixa etária com medos parecidos. Assim, aos dois anos muitas crianças têm medo de animais e de tempestade. Aos quatro anos isso pode desaparecer por completo. Aos sete podem aparecer medos diferentes, como por exemplo, medo de cair no ridículo, de ser castigado, medo de lugares altos, de monstros e, principalmente, de assaltos. A criança pode chegar ao ponto de associar o contorno de um objeto qualquer, em seu quarto, com uma figura fantasmagórica.
Por que aparecem esses medos?
Existem inúmeras explicações válidas para isso. Como o cérebro não está inteiramente desenvolvido, muitos acontecimentos que para um adulto não representam qualquer perigo, para a criança tornam-se fatos, confundindo a realidade com sua fantasia.
A aprendizagem com outras pessoas (sobretudo os adultos importantes para ela – pai, mãe, tios, avós, babá etc.) ocorre com muita frequência. Por exemplo, quando a mãe tem medo de relâmpagos, é bem provável que os filhos venham a temê-los também.
Se os pais exigem além do que a criança pode fazer, costuma acontecer que ela se sinta medrosa, insegura. Por exemplo, quando se exige que ela tire notas ótimas nas provas, pode aparecer um medo da escola, o que, no fundo, é medo de perder o amor dos pais.
Assistir certos programas na TV, ler ou ouvir casos sobre violência, tudo isso pode gerar uma grande insegurança, principalmente nessa época em que se falam tanto em crimes diversos. Infelizmente, nossas crianças acabam por assimilar o medo que até nós, adultos, experimentamos ao sair de casa.
O que fazer, então? Darei algumas sugestões:
- Respeitar os temores da criança. Não criticá-la, nem reprimi-la. Fazê-la sentir-se ridícula não vai ajudá-la a superar o medo. Ao contrário, isso tende a fixá-lo ainda mais, porque a criança deixa de exteriorizar o seu medo, ficando mais difícil ajudá-la.
- Incutir no filho que os pais estão prontos para defendê-lo de qualquer perigo, que ele não está só. Maior cuidado deverá haver quando os pais estiverem separados, pois tal situação costuma fragilizar a criança por algum tempo.
- Conversar com a criança, mostrando que medo é algo que qualquer pessoa pode sentir, mas o importante é saber distinguir os momentos em que precisamos ter noção de um perigo real (para nos defendermos), dos momentos em que nossa imaginação está em desacordo com a realidade.
Muito interessante esta matéria.
Eu mesma morro de medo de raios e relâmpagos, pois minha mãe tinha muito medo também. Acabei herdando, e até hoje tenho pavor.
Obrigada, Regina! O medo pode ser aprendido, realmente! um abraço!