Castigos – sim ou não?
Muitos pais perguntam sobre a questão dos limites na educação dos filhos. Alguns se referem especificamente aos castigos físicos, já que nem sempre suas recomendações surtem o efeito desejado. Quero deixar bem claro que não sou a favor de castigos físicos, mas é bom ser realista e admitir que isso ocorre com relativa frequência, em nosso meio.
Vejamos alguns dos sentimentos que uma criança pode experimentar, quando apanha dos pais.
A criança se sente insegura. Se os pais se mostram instáveis, ela não sabe o que esperar deles. Principalmente se a mesma falta é punida num dia e ignorada em outro.
A criança se sente culpada. Ao perceber a tristeza dos pais, a criança sente que a culpa é sua, mesmo depois de ter sido castigada. Tal sentimento prejudica mais a criança do que o próprio castigo, em si. Ela não se sente livre, pois se considera responsável pelo aborrecimento de seus pais.
A criança se mostra confusa. Quando os pais agradam de algum modo o filho, depois de puni-lo, é difícil, para este, saber exatamente o que eles sentem. Uma criança não consegue avaliar o tipo de sentimento que os pais lhe dedicam, pois não sabe se os pais reprovam sua conduta (quando é castigada por eles) ou se os pais a aprovam (quando recebe presentes ou carinhos depois que apanha). Às vezes, a criança mostra-se perturbada em outras situações. Por exemplo: num momento de alegria a criança pode ficar excitada e aparentar nervosismo. Ela não consegue controlar suas emoções, pois seu espelho é representado pelos pais, que também são confusos quando exprimem seus sentimentos.
A criança se sente desvalorizada. Quando os pais se mostram indiferentes e batem (com frequência e por qualquer motivo), a criança fica com a autoestima comprometida. Ela apanha sempre, sem receber qualquer tentativa de orientação, sem ter momentos de carinho por parte dos pais. Enfim, ela só é lembrada quando merece castigo. A criança se sente, então, cada vez mais insignificante.
A criança se sente revoltada. Pode ocorrer que a criança se sinta tão rejeitada pelos pais, que acabe se tornando revoltada por sofrer muito com os castigos constantes e injustos. Ela pode até reconhecer que errou, mas não aceita os castigos que lhe são aplicados. E, como não pode revidar, a criança acumula dentro de si um sentimento de rancor bastante prejudicial ao seu desenvolvimento emocional.
Diante de tudo isso, fica fácil concluir que os castigos físicos podem ser tão nocivos, que vale a pena tentar outros métodos para corrigir os filhos. Assim, com carinho, respeito mútuo, diálogo, disciplina firme e coerente, podemos obter resultados bem mais satisfatórios, ajudando a criança a sentir que errou, mas nem por isso precisa experimentar culpa ou medo de atingir os pais de forma irreversível. Ela percebe justiça na maneira de ser tratada pelos pais e isso torna mais fácil o reconhecimento de seu erro, propiciando uma mudança positiva em seu comportamento.