Quando as palavras não surtem o efeito desejado
Inúmeras são as mães que enfrentam um tipo de dificuldade com seus filhos: eles não lhes obedecem, por mais que elas repitam suas determinações e censuras. Ocorre um desgaste generalizado e o problema da rebeldia não se resolve.
Vejamos o que acontece com muitas mães que desejam corrigir um filho (com os pais os comportamentos que citarei a seguir são menos frequentes, por vários motivos, sobretudo quando eles ficam menos tempo com os filhos, no seu dia a dia).
- A mãe tem dificuldade em manter a ordem dentro de casa (seja com os filhos, com a empregada ou com qualquer pessoa que se ache envolvida no ambiente familiar).
- A mãe é contra castigos de qualquer natureza e prefere “conversar” com o filho. Mas, acaba perdendo o foco na medida em que exagera através de repreensões longas, cansativas e infrutíferas.
- A mãe quer sempre impor sua vontade ao filho. Com o excesso de palavras ela tentaria fortalecer seus pontos de vista perante a criança ou o adolescente.
- A mãe, através de suas palavras, pretende levar o filho a agir racionalmente. Por isso mesmo, ela se desdobra em explicações sobre o “porquê” de tudo. Conforme o nível de compreensão da criança, certos detalhes fogem ao seu alcance, tornando inútil todo o discurso da mãe.
- A mãe se preocupa demais com a opinião alheia. Ao repreender o filho, lembra-lhe: “como é feio fazer isso”, “o que os outros vão pensar” e assim por diante.
- A mãe não tem controle emocional. Sabe que fala demais, mas não consegue evitar que isso aconteça. Se o filho faz algo errado, ela costuma falar ainda mais.
O que fazer, então, quando as palavras não surtem o efeito desejado?
Em primeiro lugar, precisamos definir nossos objetivos. Muitas vezes a mãe está tão confusa e esgotada, que é quase impossível a criança assimilar o sentido de suas palavras. Se pretendermos ajudar nossos filhos através de uma disciplina bem dosada, temos que observar alguns dos seguintes aspectos:
- Não fazer exigências a todo o momento. Acabaríamos cansando a criança e não alcançaríamos bons resultados.
- Manter uma decisão, desde que resolvemos tomá-la. Por exemplo, se determinamos ontem que a criança não deve chupar balas antes das refeições, hoje não podemos voltar atrás e permitir. A criança ficaria sem um ponto de referência, entre outras coisas negativas que poderiam ocorrer.
- Na medida do possível, devemos ser coerentes naquilo que pensamos e colocamos em prática. Por exemplo, se achamos que a criança não deve mexer num determinado objeto, é preferível impedir que ela o faça, do que permitir a contragosto e depois lhe comunicar nosso desagrado através de palavras de censura.
- Oferecer alternativas, para que a criança aceite melhor certas normas de disciplina. Por exemplo, ela não pode comer guloseimas antes das refeições, mas tem todo o direito de fazê-lo após o almoço ou o jantar, mesmo que tenha comido pouco dos outros alimentos.
- Falar o mínimo possível nos momentos de crise. Procurar palavras de acordo com o nível de compreensão da criança, para que ela possa tirar proveito daquilo que temos a comunicar.
Em síntese, eu diria que o diálogo é muito recomendado por nós, psicólogos. Mas, quando nossas palavras são utilizadas para modificar um dado comportamento, devemos escolhê-las com cuidado para que cumpram seu objetivo. E, conforme a situação, falar menos e agir mais é a conduta mais indicada.