Quando nossos filhos crescem…
Hoje quero falar para os pais cujos filhos estão entrando na adolescência. É interessante observarmos que certas mudanças estão ocorrendo cada vez mais cedo. Por exemplo, meninos e meninas de menos de dez anos já se recusam a andar de mãos dadas com os pais. Em certas ocasiões já não se despedem deles com beijinhos, principalmente se estão perto dos colegas. Quase sempre preferem fazer programas com os amigos, ao invés de sair com os familiares. E os pais se ressentem, sobretudo aqueles mais afetuosos ou mais sensíveis.
Por que ocorrem essas mudanças?
Se pararmos para analisar o momento que estamos vivendo hoje, fica mais fácil entender alguns conflitos presentes em certos lares. A começar pelo acesso à tecnologia eletrônica: o número de crianças e adolescentes que possuem celular e computador é cada vez maior, independente de sua condição socioeconômica. Isso é ótimo, mas ao mesmo tempo pode se tornar prejudicial, na medida em que proporcione uma ideia de autonomia, antes da obtenção do verdadeiro amadurecimento emocional. Por outro lado, muitos adultos e crianças passam o dia todo ocupados com diversas atividades. Quando se encontram, geralmente à noite, estão cansados e sem disposição para o diálogo. O dia termina e vão todos dormir sem buscar um entendimento, sem um entrosamento mais satisfatório. No dia seguinte nova jornada de trabalho ou estudos tem início, onde a falta de tempo para interagir vai se tornando cada vez mais frequente. Meninos e meninas tomam conhecimento de informações nacionais e internacionais, conversam entre si o dia todo (via celular ou Internet) e fica parecendo que ter atitude de criança seria algo indesejável até mesmo para quem ainda é, realmente, uma criança. Ou seja, os meninos e meninas têm se mostrado muito precoces, no que se refere às características próprias de quem já entrou na adolescência. Muitas vezes o desenvolvimento físico ainda é o de uma criança, mas os anseios de maior liberdade e as atitudes contestatórias já lembram mais o perfil de um jovem rebelde.
O que fazer, nesses casos?
Bem, por incrível que pareça, as recomendações são velhas conhecidas de todos os pais. Nós, psicólogos, pedimos sempre que se busque o diálogo, onde se acertam possíveis divergências e, principalmente, possíveis desencontros. É muito importante que haja aceitação e muita calma, pois tudo isso vai passar, dando lugar a posturas mais adequadas.
Como sugestões de ordem prática, podemos citar:
- Encarar as atitudes contraditórias com tranquilidade, sem recriminações que possam provocar sentimentos de culpa no(a) filho(a).
- Evitar excesso de conselhos, críticas ou “sermões” moralistas.
- Valorizar o bom comportamento do(a) filho(a) através de elogios e estímulos.
- Ser firme na colocação de limites, mas sem autoritarismo.
- Enfim, ser compreensivo e amoroso, entendendo que todo indivíduo precisa encontrar a sua identidade e consequente autonomia.