Falando de Psicologia… e Fé.

Vocação tem a ver com felicidade?

 

   Qualquer pessoa sabe da importância de se sentir bem no desempenho de uma tarefa. Muitas vezes até surgem comentários do tipo: “isso foi feito com muito amor”, “eu amo o que faço” e assim por diante.

    Do ponto de vista psicológico, faz sentido associarmos a ideia de felicidade ao trabalho realizado por amor. E do ponto de vista da fé, podemos lembrar as palavras de Jesus, quando nos ensina a amar nosso próximo como a nós mesmos. O serviço bem feito também é uma forma de expressarmos o nosso afeto e a nossa consideração pelo outro.

   Um exemplo de determinação e de amor é, sem dúvida, o de Madre Teresa de Calcutá.

   Conta-se que, uma vez, ela pediu um conselho ao seu confessor a respeito da própria vocação, perguntando como poderia saber se Deus a estava chamando e para que Ele a estava chamando. O confessor respondeu: “Você saberá por intermédio da sua felicidade. Se estiver feliz com a ideia de que Deus a chama para servi-Lo e a seu próximo, essa será a prova de sua vocação. O contentamento profundo do coração é como uma bússola que indica a estrada da vida. É preciso segui-la, ainda que você entre por um caminho cheio de dificuldades”.

   O cardeal D. Eusébio Scheid, arcebispo da arquidiocese do Rio de Janeiro, descreve bem a vocação ligada à ideia de amor, quando afirma: “Definitivamente, não se realiza quem não ama com o amor de Deus. Não descobre sua vocação quem não descobriu o amor. Não será feliz quem pensa só em si e deixa de lado as preciosas atitudes de generosidade, gratidão e amor a Deus e ao próximo. Pelo contrário, enxerga com clareza onde está sua vocação (no ministério sacerdotal, no matrimônio, na vida consagrada, na vida profissional…) quem ama o Senhor e tudo o que Ele nos dá. O amor de Deus, em nós, vai desvendando os caminhos que devemos percorrer para que os desígnios divinos se cumpram”.

   Confúcio, professor, filósofo e teórico político chinês disse: “Escolha um trabalho que você ame e não terá que trabalhar um único dia em sua vida”.

   Ele, naturalmente, quis dizer que, se alguém escutar seu chamamento interior e atendê-lo, sua tarefa lhe será leve, resultando em alegria e satisfação pessoal, sem aquela conotação de algo penoso, difícil de suportar.

   Peço licença para relatar algo que aconteceu comigo, nos primeiros anos de formada em Psicologia. Um dia, ao chegar da clínica onde meu marido e eu éramos sócios (ele era psiquiatra e ambos atuávamos como psicoterapeutas), começamos a conversar e, num dado momento ele me disse mais ou menos essas palavras: “Fico impressionado com a maneira com que você vive o seu trabalho. A julgar pela leveza com que chega em casa, mais parece que você encontrou um hobby, só que vivido com muita responsabilidade. A sua alegria chega a me contagiar…” Esse fato me marcou tanto, que nunca mais o esqueci. Peço a Deus que eu consiga viver de tal forma que, a cada dia, eu possa atender à minha “voz interior”, mas que esse chamamento esteja em sintonia com aquilo que Deus espera de mim. Que eu possa, no final da minha vida, me sentir como no poema “Mãos postas”, de Dom Helder Câmara, onde ele mostra um desejo grande de se sentir como duas mãos que se unem em oração: uma representando a vida que levamos, a outra representando o plano de Deus para nós. Se elas se sobrepõem harmoniosamente, podemos imaginar que conseguimos ouvir o chamamento divino e que valeu a pena prestarmos atenção à voz do Pai…

Quero finalizar, citando um pequeno trecho do livro “Espiritualidade a partir de si mesmo”, dos beneditinos Anselm Grün e Meinrad Dufner: “… Deus não nos fala unicamente através da Bíblia e da Igreja, mas também através de nós mesmos, daquilo que nós pensamos e sentimos, através do nosso corpo, de nossos sonhos, e ainda através de nossas feridas e de nossas supostas fraquezas…”

 

6 ideias sobre “Falando de Psicologia… e Fé.

  1. Mãe, seu texto é emocionante! Muito obrigada pelas lições de fé que você me deu e ainda dá! Com certeza, buscarei repassá-las ao Lipe! Beijos!

    • Querida Carol, quando se tem fé as dificuldades se tornam mais fáceis de serem enfrentadas e a esperança substitui o medo de não dar conta… Sabemos que problemas são inerentes à vida de qualquer pessoa, não é mesmo? Fico muito feliz por ter esse seu retorno, querida filha!!! Mil beijos e bênçãos!!!

  2. Amei esse, tia… Me sinto assim quando chego do trabalho… Leve e amo demais o que faço!!! Gosto de agradar às pessoas com o que faço de melhor!!! Bjos, Tia! E você é realmente fantástica no que faz… Sejam suas receitas deliciosas, ou suas análises profundas e certeiras…

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