Arquivo | julho 2016

Falando de Psicologia… (5)

Tiques e seus significados

 

Piscar os olhos, encolher os ombros, fungar ou fazer caretas são gestos comuns. Mas quando se tornam repetitivos e despropositados assumem a forma de tiques. Em geral processados de forma inconsciente, os chamados tiques nervosos não dão trégua no período de vigília e só desaparecem durante o sono. O que está por trás desses movimentos sem ritmo, repetidos com frequência e sem motivo aparente?

Sabe-se que a incidência é maior durante a infância e a adolescência, podendo ter início por volta dos quatro anos, atingindo mais os meninos do que as meninas (numa proporção de três meninos para cada menina). Sendo mais frequentes na face, no pescoço e nos ombros, os tiques podem ocorrer em qualquer parte do corpo, inclusive nos músculos respiratórios, aparecendo sob a forma de tosse ou pigarro, e nos músculos da expressão vocal, quando a pessoa passa a emitir ruídos diversos. Pesquisas revelam que a maioria dos tiques desaparece com o tempo (duram menos de um ano), não comprometendo a fase adulta. Estes são os chamados tiques simples transitórios, que atingem cerca de 5 a 25 por cento da população de crianças e adolescentes. No entanto, é muito importante esclarecer a origem de tudo isso, pois há casos em que os tiques (mais complexos) nem sempre são transitórios e podem estar ligados a uma doença neurológica, conhecida como síndrome de Tourette, muitas vezes associada a certos transtornos da conduta. As manifestações comportamentais mais frequentes são o transtorno obsessivo-compulsivo(TOC), a hiperatividade e o déficit de atenção, assim como a falha no controle dos impulsos. É imprescindível que a criança seja avaliada por um neurologista infantil, visando os procedimentos adequados a cada caso. Também é de muita valia a consulta feita ao especialista em psiquiatria infantil.

Quanto aos tiques mais simples, calcula-se que uma em cada dez crianças manifeste um tique, pelo menos durante algum período, nos seus primeiros dez anos de vida. Quais seriam as causas e como ajudar tais crianças?

Geralmente, quando a criança vive momentos que são sentidos como fonte de ansiedade e stress, ela tem tendência a somatizar esses sentimentos, isto é, a exteriorizar as suas emoções através do corpo, ou então apresenta mudanças no comportamento. Assim, podemos encontrar alguns sintomas típicos: dores persistentes e diversas; problemas no sono e na conduta alimentar; taquicardia; reaparecimento de medos; choro e pouca tolerância às frustrações; dificuldade de concentração e cansaço; queda no rendimento escolar; comportamentos contraditórios e incompreensíveis e o aparecimento de tiques. A entrada para a escola (ou mudança de escola) é um exemplo de uma situação que pode gerar stress para algumas crianças. Mas existem muitos outros como: problemas familiares diversos, ausência de um dos pais (ou de ambos), experiências traumatizantes (acidentes, assalto etc.), alguns acontecimentos mundiais (guerra, atentados terroristas, catástrofes, como terremotos ou inundações, enfim, fatos que são muito focalizados pela mídia). Todas essas situações podem ser assustadoras para as crianças, deixando-as alarmadas e inseguras. Por isso mesmo, é essencial que alguém as tranquilize e lhes explique os acontecimentos. É bom ressaltar que existe uma correlação entre a intensidade do tique (ou a conjunção de vários tiques) e o grau de ansiedade sofrida pela criança.

Existem casos em que a conduta dos pais é fator decisivo no aparecimento de tiques. Principalmente quando a criança é muito cerceada ou reprimida em suas necessidades mais primárias, como correr, jogar bola, falar o que pensa ou sente, enfim, ser ela mesma. O excesso de zelo ou de cobranças pode gerar tamanho nível de tensão que, não sabendo lidar com tudo isso, a criança, num primeiro momento, tenta chamar a atenção dos pais. Não sendo atendida por eles, a angústia pode buscar uma válvula de escape através dos tiques. E como a criança não tem consciência disso, fica muito difícil superar suas dificuldades sem uma ajuda externa. É importante buscar uma avaliação psicológica (onde talvez se indique uma psicoterapia), pois a auto-estima da criança costuma ser bastante atingida pelas críticas que várias pessoas fazem a quem tem tiques.

Pais e demais adultos que lidam com a criança podem tentar minimizar as situações de stress que ela enfrenta, além de ajudá-la a encontrar uma forma de extravasar suas tensões (a prática de esportes pode ser uma boa alternativa).

Enfim, paciência, diálogo e, claro, muito carinho são as atitudes que devem ser tomadas pelos familiares e professores, lembrando sempre que a criança não faz de propósito, já que os tiques independem de sua vontade. Em se tratando de adolescentes ou adultos portadores de tiques, as sugestões de encaminhamento são as mesmas: avaliações devem ser feitas por um especialista ou mais de um (médico ou psicólogo).

 

Quiche de quinoa (receita pouco calórica)

Quiche de quinoa (sem massa)

quiche_sem_massa 

  • Meia xíc. (chá) de quinoa (80 g).
  • 1 colher (sopa) de manteiga ou margarina light (15 g).
  • 1 xíc. (chá) de alho poró picado (1 unidade).
  • 1 xíc. (chá) de peito de peru defumado picado (150 g).
  • 5 ovos levemente batidos.
  • Meia xíc. de tomates cereja cortados ao meio (90 g).
  • Meia xíc. (chá) de leite (120 ml).
  • 1 xíc. (chá) de muçarela ralada (100 g).
  • Meia xíc. (chá) de parmesão ralado (50 g).
  • Sal, orégano e pimenta do reino a gosto.

Coloque a quinoa para cozinhar em uma panela pequena, com dois copos de água fervente. Deixe ferver por 5 minutos e retire do fogo. Escorra numa peneira. Reserve.

Coloque a manteiga ou margarina em uma frigideira (fogo médio) e refogue o alho poró e o peito de peru defumado (por 3 minutos, mais ou menos). Retire do fogo.

Misture bem, numa tigela, os 5 ovos levemente batidos, a quinoa cozida e escorrida, o tomate cereja picado, o leite, a muçarela e o parmesão ralados, o refogado de alho poró com peito de peru e os condimentos.

Transfira essa mistura para uma forma redonda untada (ou pirex) , com diâmetro de 23 cm, mais ou menos. Leve para assar em forno médio (180°C) por mais ou menos 40 minutos, ou até que a quiche esteja firme. Retire do forno e sirva ainda quente; ou fria, acompanhada de uma salada verde.

Nota: embora os queijos não sejam light, eles são necessários para dar sabor e consistência à quiche. No entanto, a quantidade deles é pequena, tendo em vista o resultado final.

Falando de Psicologia… (4)

 

Encontros e desencontros

 

Com muita frequência recebo queixas de pessoas que se sentem pouco valorizadas ou incompreendidas, simplesmente por não serem ouvidas como gostariam. Há jovens que dizem: “meus pais não me entendem, eu falo uma coisa e eles entendem outra”. Adultos reclamam do relacionamento conjugal, ressaltando a “falta de diálogo”. Crianças se ressentem pelo pouco tempo dos pais, para conversar e ficar mais em casa. Outros sentem necessidade de desabafar, mas seus amigos se mostram insensíveis a isso. Observo que em cada um desses casos ocorre uma espécie de desencontro, uma falta de sintonia que pode gerar desentendimentos.

Hoje quero abordar dois aspectos importantes dessa questão: saber ouvir e ter empatia. Saber ouvir é cultivar a difícil arte da empatia, que é a habilidade de se colocar no lugar do outro, percebendo e compreendendo seus sentimentos. “Saber ouvir transcende o ato de escutar; é compreender a pessoa que se expressa; é entender a mensagem que ela transmite; é assimilar o que é comunicado por palavras, atitudes, gestos ou silêncio; é perceber a grandeza da comunicação e do diálogo; é alcançar a plenitude do relacionamento humano” (segundo o jornalista Gustavo Gomes de Matos em seu livro “A cultura do diálogo”).

O termo empatia (do grego empatheia, que significa “entrar no sentimento”) foi utilizado pela primeira vez pelo psicólogo E. B. Titchener (1867 – 1927). A empatia é um requisito indispensável para a prática da psicoterapia. É preciso ter uma percepção do mundo do outro como se fosse o seu próprio, o que contribui para o aumento da auto-estima, pois a pessoa sente que é importante e que seus sentimentos são devidamente considerados. Muitas vezes a empatia é o que ela mais necessita no momento, sobretudo quando não encontra essa compreensão no ambiente familiar.

Empatia começa com a capacidade de estar bem consigo mesmo, de perceber e aceitar as características da própria personalidade. Pessoas com dificuldade de entender o outro, demonstram que também não receberam compreensão em suas necessidades e sentimentos no transcorrer da vida. Se não tiveram suas necessidades supridas, certamente encontrarão dificuldade em entender e atender as necessidades alheias.

O escritor Rubem Alves assim se expressa sobre a arte de saber ouvir: “De todos os sentidos, o mais importante para a aprendizagem do amor, do viver junto e da cidadania é a audição. Diz a Escritura Sagrada: ‘No princípio era o verbo’. Eu acrescento: ‘Antes do verbo era o silêncio.’ É do silêncio que nasce o ouvir. Só posso ouvir a palavra, se meus ruídos interiores forem silenciados. Só posso ouvir a verdade do outro se eu parar de tagarelar. Quem fala muito não ouve. Sabem disso os poetas, esses seres de fala mínima. Eles falam, sim. Para ouvir as vozes do silêncio.”

Se estivermos comprometidos com o ensinamento de Jesus “amai-vos uns aos outros”, teremos mais facilidade em ouvir com paciência, com interesse, com atenção, com consideração, com humildade e com sabedoria. Em outras palavras, conseguiremos ouvir com amor qualquer pessoa que esteja necessitando de uma verdadeira acolhida.

Para finalizar, gostaria de sugerir algumas atitudes que facilitam o bom entendimento.

  • Em se tratando de relacionamento pais e filhos, na medida do possível seria bom reservar um tempo para conversar sobre o dia a dia de cada um, com todo o cuidado para entender profundamente o que o outro quer dizer e, principalmente, o que está sentindo. Dessa maneira os interlocutores demonstram respeito e apreço, uns pelos outros.
  • Quando as mulheres falam sobre suas dificuldades, os homens geralmente resistem, partindo do pressuposto de que serão acusados de causar tais problemas. Muitos não se dão conta de que elas se sentem bem só de serem ouvidas e compreendidas em seus anseios.
  • É preciso colocar o sentimento à frente das palavras. Quem precisa de um desabafo deve, também, respeitar o momento que o outro está vivendo, pois nem sempre isso coincide com a necessidade e a urgência de quem quer ser ouvido.
  • Em síntese, uma comunicação satisfatória requer uma boa sintonia de todas as partes envolvidas.

 

 

 

 

 

Falando de Psicologia… (3)

Quando a criança tem tudo, mas não se sente feliz…

 

Hoje em dia é comum encontrarmos crianças com uma “agenda” cheia de compromissos. Há casos em que falta até mesmo tempo para a criança brincar, ou simplesmente para ficar em casa, descansando. É verdade que se deve investir na formação global de cada filho. Porém, suas necessidades emocionais não podem ser negligenciadas. Assim, torna-se indispensável acompanhar o dia a dia da criança, ouvindo-a com atenção e tentando avaliar se ela está feliz, ou não.

Tenho observado que entre as crianças na faixa etária que vai dos sete aos doze anos, muitas se sentem solitárias, insatisfeitas e até mesmo infelizes, embora recebam muito dos pais, pelo menos no que diz respeito aos aspectos materiais. Para elucidar esse ponto de vista, vou relatar um episódio que acompanhei de perto, há algum tempo…

Um menino de quase oito anos surpreendeu o pai, na saída da escola, mantendo com ele o seguinte diálogo:

“Que bom, pai, que essa semana você vem me buscar no colégio e ainda vai poder ficar muito tempo comigo, quando a gente chegar em casa”.

“Você está com saudade do papai?”.

“Não é só isso. É que eu quase não conheço você… Eu não sei qual é a sua cor favorita, não sei qual alimento você prefere, se você tem medo de alguma coisa… A gente não fala dessas coisas, não é, pai?”

“Eu acho que você está repetindo alguma coisa da televisão, pois eu te dou tudo que você quer. De onde você tirou essas ideias?”

“Da minha cabeça, pai. Você podia conversar mais comigo…”

 

Bem, o pai conversou muito com o menino e os dois realmente precisavam se conhecer melhor.

Percebo que muitos pais são pessoas maravilhosas e até se dispõem a mudar de atitude, quando orientados. O que ocorre, em muitos casos, é que certas crianças com idade entre sete e doze anos são independentes em muitos pontos (na higiene pessoal, na hora de fazer o dever de casa, nas brincadeiras etc.). Fica parecendo que elas podem “se virar” sozinhas e que nada lhes falta. Principalmente quando todos (pais e filhos) passam o dia envolvidos com muitas atividades, sem tempo para trocar confidências, expressar afeto, estreitar os seus laços familiares…

É fácil concluirmos que novamente o bom senso não pode faltar. Ao lado de uma boa bagagem cultural, nada melhor que uma sólida bagagem afetiva. Nossos filhos merecem que a “agenda” de cada um (pai, mãe ou filho) seja estruturada de forma harmoniosa e equilibrada. Certamente os frutos serão colhidos por todos, mais cedo ou mais tarde.

 

 

 

Bolo Peteleco (bolo de chocolate).

Bolo Peteleco (bolo de chocolate)

Nota: este bolo faz sucesso sempre, pois é muito fofinho e úmido! Um dos meus netos – o Henrique, de 16 anos, pediu que eu postasse a receita aqui no blog, pois o bolo Peteleco é o favorito dele!

Ingredientes:

  • 3 xíc. (chá) de farinha de trigo peneirada.
  • 2 xíc. (chá) de achocolatado (Nescau).
  • 2 xíc. (chá) de açúcar refinado.
  • 1 pitada de sal.
  • 2 xíc. (chá) de água fervente.
  • ¾ xíc. (chá) de óleo de soja ou de milho.
  • 3 ovos.
  • 1 colher (sopa) de fermento em pó.

 

Na tigela da batedeira, misture muito bem a farinha de trigo, o Nescau, o açúcar e o sal, até que fiquem bem incorporados. Adicione a água fervente e o óleo, misturando até que a massa fique homogênea. Espere esfriar e adicione os ovos.

Utilize a batedeira e bata até que a massa forme bolhas bem visíveis. Isso fará com que o bolo fique mais fofinho. Mas, se você não dispuser de uma batedeira, basta misturar tudo muito bem, que o bolo dará certo também.

Por último, adicione o fermento e apenas misture com a colher, até incorporá-lo à massa.

Importante: utilize uma forma com capacidade para o dobro de massa, pois o bolo sobe muito, ao assar. Unte a forma com margarina e polvilhe com farinha de rosca.

 

Leve ao forno pré-aquecido a 200 graus. O bolo assa durante 40 a 50 minutos, dependendo do seu forno. Para saber se está assado, espete um palito no centro do bolo. Se o palito sair limpo, o bolo já estará assado. Só desenforme depois que estiver totalmente frio.

 

Calda de chocolate (para cobrir o bolo, ou para servir à parte):

  • 500 ml de leite integral (com o leite desnatado não dá certo).
  • 10 colheres (sopa) bem cheias, de Nescau.
  • 2 colheres (sopa) de manteiga ou margarina.
  • 1 colher (sopa) de açúcar.

Misture tudo e leve ao fogo numa panela alta e de fundo grosso, para ferver e engrossar. Quando estiver na consistência desejada, guarde a calda num recipiente com tampa, ou utilize para cobrir o bolo, a seu gosto.

 

Bolo de chocolate

Parque Keukenhof, na Holanda!!!

foto1   Desde criança sou apaixonada por tulipas!!! Esse ano pude realizar um antigo sonho: ir à Holanda para conhecer a maior variedade de tulipas, no seu ambiente natural!!! Fui também a outros países, sempre na companhia da minha querida filha, Lígia!!! Tiramos muitas fotos e vou postar algumas, junto às maravilhosas tulipas do Parque Keukenhof, que fica aberto à visitação no período de março a maio, quando as flores estão deslumbrantes! Fomos ao Parque numa excursão de brasileiros, uma delícia!!! Vimos os famosos moinhos e visitamos uma fábrica de tamancos, onde aprendemos bastante!!! Vale a pena ir ao Parque e ver as tulipas num local especialmente desenvolvido para elas!!! Vimos tulipas de todas as cores, inclusive negras, verdes e azuis!!! Um espetáculo que merece ser apreciado bem de perto!!! Emocionante, para quem é apaixonado por flores, como sempre fui (e sempre serei)!!!

 

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Falando de Psicologia… e Fé.

Vocação tem a ver com felicidade?

 

   Qualquer pessoa sabe da importância de se sentir bem no desempenho de uma tarefa. Muitas vezes até surgem comentários do tipo: “isso foi feito com muito amor”, “eu amo o que faço” e assim por diante.

    Do ponto de vista psicológico, faz sentido associarmos a ideia de felicidade ao trabalho realizado por amor. E do ponto de vista da fé, podemos lembrar as palavras de Jesus, quando nos ensina a amar nosso próximo como a nós mesmos. O serviço bem feito também é uma forma de expressarmos o nosso afeto e a nossa consideração pelo outro.

   Um exemplo de determinação e de amor é, sem dúvida, o de Madre Teresa de Calcutá.

   Conta-se que, uma vez, ela pediu um conselho ao seu confessor a respeito da própria vocação, perguntando como poderia saber se Deus a estava chamando e para que Ele a estava chamando. O confessor respondeu: “Você saberá por intermédio da sua felicidade. Se estiver feliz com a ideia de que Deus a chama para servi-Lo e a seu próximo, essa será a prova de sua vocação. O contentamento profundo do coração é como uma bússola que indica a estrada da vida. É preciso segui-la, ainda que você entre por um caminho cheio de dificuldades”.

   O cardeal D. Eusébio Scheid, arcebispo da arquidiocese do Rio de Janeiro, descreve bem a vocação ligada à ideia de amor, quando afirma: “Definitivamente, não se realiza quem não ama com o amor de Deus. Não descobre sua vocação quem não descobriu o amor. Não será feliz quem pensa só em si e deixa de lado as preciosas atitudes de generosidade, gratidão e amor a Deus e ao próximo. Pelo contrário, enxerga com clareza onde está sua vocação (no ministério sacerdotal, no matrimônio, na vida consagrada, na vida profissional…) quem ama o Senhor e tudo o que Ele nos dá. O amor de Deus, em nós, vai desvendando os caminhos que devemos percorrer para que os desígnios divinos se cumpram”.

   Confúcio, professor, filósofo e teórico político chinês disse: “Escolha um trabalho que você ame e não terá que trabalhar um único dia em sua vida”.

   Ele, naturalmente, quis dizer que, se alguém escutar seu chamamento interior e atendê-lo, sua tarefa lhe será leve, resultando em alegria e satisfação pessoal, sem aquela conotação de algo penoso, difícil de suportar.

   Peço licença para relatar algo que aconteceu comigo, nos primeiros anos de formada em Psicologia. Um dia, ao chegar da clínica onde meu marido e eu éramos sócios (ele era psiquiatra e ambos atuávamos como psicoterapeutas), começamos a conversar e, num dado momento ele me disse mais ou menos essas palavras: “Fico impressionado com a maneira com que você vive o seu trabalho. A julgar pela leveza com que chega em casa, mais parece que você encontrou um hobby, só que vivido com muita responsabilidade. A sua alegria chega a me contagiar…” Esse fato me marcou tanto, que nunca mais o esqueci. Peço a Deus que eu consiga viver de tal forma que, a cada dia, eu possa atender à minha “voz interior”, mas que esse chamamento esteja em sintonia com aquilo que Deus espera de mim. Que eu possa, no final da minha vida, me sentir como no poema “Mãos postas”, de Dom Helder Câmara, onde ele mostra um desejo grande de se sentir como duas mãos que se unem em oração: uma representando a vida que levamos, a outra representando o plano de Deus para nós. Se elas se sobrepõem harmoniosamente, podemos imaginar que conseguimos ouvir o chamamento divino e que valeu a pena prestarmos atenção à voz do Pai…

Quero finalizar, citando um pequeno trecho do livro “Espiritualidade a partir de si mesmo”, dos beneditinos Anselm Grün e Meinrad Dufner: “… Deus não nos fala unicamente através da Bíblia e da Igreja, mas também através de nós mesmos, daquilo que nós pensamos e sentimos, através do nosso corpo, de nossos sonhos, e ainda através de nossas feridas e de nossas supostas fraquezas…”

 

Falando de Psicologia…

Vencendo a indisciplina

 

     Disciplina é uma palavra que tem a mesma etimologia de “discípulo”, que significa “aquele que segue”.  Autodisciplina é a habilidade de aderir a ações, pensamentos e comportamentos que resultem em crescimento pessoal. Sendo assim, para que alguém utilize bem seus dons intelectuais e possa atingir diferentes metas, é muito importante que se organize através de uma boa autodisciplina.

Como psicoterapeuta tenho encontrado diversas pessoas que, mesmo sendo muito inteligentes, sofrem por não conseguir atingir seus objetivos: concluir tarefas ou cursos, dar continuidade ao programa de emagrecimento, fazer exercícios físicos com regularidade, manter seus armários arrumados, comparecer aos compromissos no horário marcado etc. Tais pessoas muitas vezes se culpam, o que acaba por interferir na sua autoestima e na sua tranquilidade.

Por que certas pessoas se mostram tão indisciplinadas?

Existem casos em que a desorganização teve início na infância. Crianças superprotegidas se mostram imaturas e dependentes, o que pode levar a comportamentos impregnados de instabilidade e indisciplina. Há, também, casos de crianças que foram tão exigidas que, na primeira oportunidade tentam fazer exatamente o oposto daquilo que tanto lhes impuseram.

Há muitos adolescentes e adultos que não sabem exatamente o que querem. Ficam entusiasmados com alguma novidade, mas dentro de pouco tempo abandonam o que iniciaram com a maior empolgação. Ouvem críticas e se sentem muito mal (consigo mesmos e com os outros). Ou então, se mostram influenciados por algum modismo ou por pessoas a quem admiram. Sem aptidão ou sem constância para dar prosseguimento ao novo desafio (aprender um idioma ou aprender a tocar um instrumento, por exemplo), ocorre a desistência e isso acarreta desdobramentos bastante desconfortáveis para o indivíduo (sensação de incompetência ou de inferioridade; medo de enfrentar situações novas e abandoná-las; fuga da realidade; angústia). Focalizando o tema de uma forma bastante simplista, há pessoas que consideram a disciplina algo negativo, que se traduziria por falta de liberdade para fazer aquilo que lhes pareça mais fácil. E assim vão criando desculpas e pretextos para o descumprimento de seus objetivos.

O que fazer para vencer a indisciplina?

Embora muita gente acredite que a disciplina seja um dom, sabe-se hoje que disciplina se aprende. Vejamos alguns pontos que merecem uma reflexão:

  • Autoconhecimento. Pare e pense sobre o que você realmente gostaria de fazer. Anote tudo e avalie se está disposto a dar continuidade (por exemplo, se deseja emagrecer, procure um médico ou um nutricionista e se disponha a seguir tudo com responsabilidade e até com bom humor, sem sabotar sua dieta).
  • Comece por estabelecer pequenas metas. Ao atingi-las, você ficará motivado a alcançar objetivos mais desafiadores.
  • Aja com determinação, mas sem exageros. Assim você poderá concretizar seus propósitos e ainda mantê-los pelo tempo necessário.
  • Faça as pazes consigo mesmo. Sentir-se vitorioso sobre seus impulsos já é uma grande conquista!

 

Muito sucesso em suas tentativas, quaisquer que sejam suas metas!!!