Características da fantasia considerada normal, na infância.
A fantasia, de um modo geral, pode ser considerada um meio da criança se adaptar à realidade, pelo menos enquanto ainda é muito nova para julgar e criticar seus próprios atos e as ocorrências da vida. Através da imaginação, a criança se integra mais facilmente ao “mundo dos adultos”.
Em que época tem início a fantasia?
Para diversos autores, o aparecimento da fantasia coincide com a fase de aquisição da linguagem. Para outros, isso pode ocorrer até antes desse período, ou melhor, antes que a criança tenha atingido os doze meses.
É muito compreensível que se estabeleça uma relação entre a fantasia e a linguagem, em termos de idade. Ora, se a criança ainda não fala, só poderemos deduzir a existência da fantasia por outros comportamentos que ela manifeste. Como é aos dois anos que uma criança comum domina melhor a palavra, podemos dizer que a fantasia, propriamente dita, tem início entre os dezoito e os vinte e quatro meses. Além disso, há apenas indícios de que a criança faça uso do pensamento, acompanhado da imaginação (ou fantasia). É o caso, por exemplo, da criança que, ainda bem pequena, imita o que seus familiares fazem com mais frequência: telefonar, pegar a chave para abrir uma porta, colocar os óculos ou pegar a bolsa na hora de sair. Isso significa que uma criancinha de um ano de idade ( ou até menos), tenta executar movimentos que reproduzam, de forma bastante aproximada, os atos reais executados pelos adultos de sua convivência. E, se formos mais longe, podemos dizer que, na fantasia dessa criança, a simples repetição de alguns atos ou movimentos, adquire o valor de uma ação verdadeira. É como se a criança acreditasse que seus movimentos, ainda descoordenados, fossem capazes de produzir o efeito obtido pelo adulto ao usar o telefone, por exemplo. Ou mais especificamente, o celular.
Resumindo, temos: os primeiros indícios da existência da fantasia na criança são os que se caracterizam pela imitação de comportamentos mais simples, os quais dizem respeito à sua vida diária.
Gostaria de lembrar outro exemplo que mostra a existência da fantasia, sem que a criança se utilize de palavras. É quando ela imita os cuidados que sua mãe lhe dispensa, tentando alimentar ou fazer higiene em suas bonecas (ou bonecos), ou até mesmo nos animais de brinquedo.
Para a criança tudo isso tem um significado de realidade e é de grande importância no processo de aprendizagem.
Observação: no próximo artigo abordarei o tema fantasia nas diferentes etapas do desenvolvimento da criança, do ponto de vista cronológico.