A mãe que trabalha fora
O artigo de hoje traz reflexões sobre a culpa que muitas mães sentem, por terem de deixar o filho na escola, em tempo integral, já que elas precisam desempenhar funções múltiplas, em prol da manutenção da família.
Para esclarecer tal assunto, vou abordá-lo sob três aspectos: o significado do trabalho fora de casa, para a mulher; a importância de uma distribuição adequada do tempo; e a importância da pessoa que substituirá a mãe na sua ausência.
Significados do trabalho fora de casa, para a mulher.
Possibilidades:
- O trabalho é uma fonte de prazer, de realização pessoal.
- As circunstâncias obrigam a mulher a ganhar dinheiro para o sustento da família.
- O trabalho fora pode ser uma fuga (das atividades domésticas ou do contato desgastante com os próprios filhos).
Quando a mulher valoriza seu trabalho, certamente os filhos se sentirão estimulados a fazer o mesmo. Aliás, o efeito positivo pode repercutir até na vida adulta dos filhos, quando chegar a vez destes se dedicarem a uma profissão.
Por outro lado, se a mulher rejeita seu trabalho, ela pode sentir-se sobrecarregada demais, quase uma vítima.
Ou então, a mulher vê no trabalho fora de casa uma forma de passar o maior tempo possível afastada dos afazeres domésticos, com os quais não se identifica. Outras vezes, o contato com os filhos gera conflitos tão intensos, que a mulher acaba se sentindo incapaz de solucioná-los. Trabalhar fora, mesmo sem pressão econômica, pode ser uma válvula de escape para ela.
É nesse contexto que o sentimento de culpa costuma instalar-se. Quase sempre se faz necessário um aconselhamento psicológico, para que a mãe consiga identificar as causas de sua intranquilidade.
Qual a importância da distribuição do tempo, para o trabalho fora de casa e para o lar?
É claro que a realização profissional não deve ser obtida às custas do sacrifício do lar. Ao contrário, o equilíbrio deve partir de uma distribuição adequada do tempo. Assim, a mulher se realiza no campo profissional que escolheu, mas se realiza, também, como mãe e esposa. Reservar um tempo para o lar é, ainda, arcar com a responsabilidade assumida ao trazer os filhos ao mundo.
Mãe, e na sua ausência?
Se os filhos ficam na escola o dia todo, quase sempre existe uma necessidade bem objetiva. E muitas escolas são uma ótima opção, pois oferecem recursos que promovem o desenvolvimento das crianças.
Bem, se a mãe confia na equipe da escola, se aprecia as atividades oferecidas a seus filhos, creio que eles ficarão bem na sua ausência.
Qualquer que seja a formação de quem vai cuidar de uma criança, é fundamental que essa pessoa seja capaz de dar carinho e colocar limites, num ambiente seguro e acolhedor. Isso vale para familiares, professores e babás.
Cabe à mãe, no seu tempo disponível, resgatar todas as possibilidades de expressar amor por seus filhos. Para isso, é bom lembrar aquele velho conceito da psicologia: não importa a quantidade, mas a qualidade do contato.