Quando o assunto é a educação de crianças, a tendência é citar logo a mãe como elemento preponderante e decisivo na formação da personalidade do indivíduo. O pai é muitas vezes mencionado, mas poucos autores enfatizam a relevância do seu papel junto aos filhos. Talvez essa diferença se deva àquele fato tão conhecido de todos – ou seja, pelo menos nos primeiros anos de vida, é da mãe que a criança recebe os cuidados necessários ao seu crescimento e à sua sobrevivência. O pai colabora, mas de maneira indireta (embora existam exceções dignas de elogio).
Não resta dúvida de que a figura do pai, tanto quanto a da mãe, é de suma importância para a formação da personalidade dos filhos. E, para demonstrar inteiramente esse ponto de vista, seria necessário dedicar vários artigos sobre o mesmo tema, isto é, de como o pai pode influenciar no comportamento de cada filho, conforme sua maneira de agir. Mas, é bem possível que, através da discussão de um ângulo apenas, esse ponto de vista seja compreendido. Escolhi, para isso, um aspecto que me parece mais expressivo que os demais – é o sentimento de segurança pessoal que o pai pode transmitir aos filhos.
Mas, o que é um sentimento de segurança pessoal?
Não é fácil definir com exatidão o que significa essa espécie de sentimento, pois se trata de algo bastante subjetivo. Na minha maneira de entender, uma pessoa segura é aquela que está satisfeita consigo mesma, que confia em si e no seu futuro, pois está livre de medos desnecessários. Sendo assim, ela é capaz de tomar decisões que coincidem com as suas necessidades reais e de produzir o que seu potencial permite. Ela é, além disso, uma pessoa estável e coerente em suas atitudes. Pelo menos é consciente da necessidade de se buscar esse objetivo.
Estou me referindo a uma pessoa adulta. Mas, para se chegar a isso, é preciso que o indivíduo tenha, desde a infância, um ambiente que lhe proporcione subsídios para se tornar alguém com aquelas características. O pai, nesse ponto, vai contribuir com uma grande parcela. Através do relacionamento que se estabelece entre ele e os demais membros da família, o ambiente pode ser propício ou desfavorável ao desenvolvimento psicológico de uma criança. Existem muitas maneiras de um pai comunicar aos filhos aquele sentimento de segurança pessoal. Vejamos alguns exemplos:
- Mostrar-se disponível, de tal forma que o filho possa recorrer a ele como se recorresse a um amigo muito especial (para conversar e trocar ideias, para pedir uma ajuda ou simplesmente para fazerem um passeio juntos).
- Manter uma atitude serena nos momentos difíceis da vida de uma criança, para que ela veja no pai alguém capaz de ajudá-la a enfrentar seus problemas e de orientá-la quando se fizer necessário (por exemplo, quando a criança se machuca, quando adoece, quando tem dificuldades na escola, ou até mesmo quando ela tem medo de perigos imaginários).
- Dar apoio material e, ao mesmo tempo, mostrar que essa é uma tarefa que cabe ao pai (e/ou à mãe), não por obrigação, mas porque eles (pai e mãe) se sentem felizes em proporcionar conforto aos filhos.
- Ser um modelo, sem significar um espelho para a criança. Em outras palavras, o pai pode servir-se de suas experiências pessoais para dar ao filho uma ideia daquilo que irá beneficiá-lo no futuro. Assim, uma criança pode aproveitar o exemplo do pai em muitas situações, sem perder a sua individualidade. Ela utiliza seus ensinamentos, sem tornar-se uma simples cópia do pai.
- Acompanhar o crescimento do filho, sobretudo na adolescência, orientando-o nas diferentes questões que costumam gerar conflitos (sexualidade, escolha da profissão, relações interpessoais, questionamentos diversos). Muitas vezes, através de uma conversa em que o filho se sente compreendido pelo pai, nasce (ou se reforça) uma aproximação que muito pode contribuir para o futuro desse jovem.
Concluindo, quero dizer que todo pai, de qualquer classe social, tem em suas mãos a oportunidade de desenvolver ou de diminuir, no filho, um sentimento de segurança psicológica. Este é apenas um aspecto de seu valioso papel dentro da família, a que me referi no início.