As barreiras internas de certos pais
Incentivar a criança, estimular sua iniciativa, ajudá-la a substituir comportamentos inadequados por outros, mais aceitáveis – tudo isso costuma ser muito recomendado por psicólogos e outros profissionais que lidam com crianças. Como é o caso do pediatra ou da professora.
No entanto, há muitos pais que, mesmo seguindo as orientações recebidas, nem sempre conseguem obter bons resultados.
Seria oportuno indagar então: por que às vezes é tão difícil, embora seguindo as instruções dadas, mudar um comportamento do filho? Em outras ocasiões a pergunta é um pouco diferente: por que às vezes fica tão difícil colocar em prática o que em teoria nos parece tão simples?
Ora, dificuldades dessa natureza costumam existir em função da maneira como os pais se colocam frente à conduta do filho. E, para que se obtenham bons resultados ao tentar qualquer tipo de mudança (nas próprias atitudes e no comportamento do filho) alguns requisitos são necessários. Assim, os pais precisam:
- Ter em mente qual o objetivo a que se propuseram, ao tomar certas atitudes em relação à criança.
- Estar atentos aos próprios sentimentos e aos sentimentos da criança, no momento em que se relacionam com ela. Sobretudo se o objetivo for a mudança de um comportamento do filho.
- Acreditar nas medidas que pretendem executar.
- Estar seguros no desempenho de seu papel.
- Acreditar na capacidade do filho em mudar.
- Aceitar as mudanças que porventura ocorram.
- Zelar pela manutenção das mudanças obtidas.
Para esclarecer melhor, vejamos dois exemplos.
Quando a criança é inapetente.
Alguém disse à mãe que, para acabar com a “falta de apetite”, o melhor é mostrar despreocupação pelo fato e deixar a criança procurar alimento quando tiver vontade. Mas a medida não deu resultado. Por que será?
A mãe pode por em prática sugestões como esta, mas só isso não é suficiente para eliminar uma conduta indesejável. Não basta simular uma atitude de aceitação pela inapetência do filho, se no fundo ela experimenta sentimentos bem incômodos em relação a isso. A mãe pode ter, por exemplo, um medo muito grande de ver o filho desnutrido. Ora, se ele não come direito, por mais que ela tente disfarçar sua preocupação, alguma atitude sua acabará mostrando ao filho o que se passa com ela. E a criança, com certeza, sentirá que, de uma forma ou de outra, continua sendo alvo das atenções da mãe. E qual é a criança que não deseja isso?
Quanto à atuação do filho na escola.
A mãe leu (ou ouviu) em algum lugar que não se deve ajudar a criança nos exercícios escolares. Mas, no fundo, ela não acredita que o filho possa se sair bem sozinho. Daí, deixa de auxiliá-lo, mas não consegue esconder sua preocupação – olha a mochila na ausência do filho, faz perguntas ansiosas sobre o que ocorreu na escola, e assim por diante.
Muitos outros exemplos poderiam ser lembrados aqui. No entanto, estaríamos repisando o mesmo ponto: não basta saber o que é melhor para um filho, se os pais não reúnem, dentro de si, certos requisitos como aqueles já citados. Em outras palavras, o conhecimento puramente intelectual de um fato não é suficiente para operar mudanças nas atitudes dos pais ou no comportamento dos filhos. É preciso, antes de qualquer coisa, que se eliminem as barreiras que possam existir dentro de cada um, para que os pais consigam ter uma atuação mais satisfatória junto aos filhos.
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