Falando de Psicologia … (34) – Portadores de deficiência: a aceitação e a família (I)

Portadores de deficiência: a aceitação e a família (I)

   Com o artigo de hoje quero expressar meu grande carinho por todas as pessoas portadoras de alguma deficiência. Vou focalizar a importância da aceitação da criança excepcional (ou especial), tomando como referência o ambiente familiar. Falarei, então, sobre o que é aceitação e o que significa criança excepcional.

Creio que seria melhor começar pela definição do que é uma criança excepcional. Existem dois conceitos para isso. Um deles, o conceito mais popular, considera excepcional apenas a criança com um retardo intelectual e físico. O outro, o conceito acadêmico, chama de excepcional toda criança que apresente qualquer perturbação – seja de ordem intelectual, física ou psicológica. Portanto, esse conceito é muito mais amplo e, dentro dele, o excepcional (termo alusivo a “exceção”) é tanto a criança com retardo mental, quanto aquela que possui uma inteligência muito acima da média. É também considerada excepcional toda criança que apresente algum impedimento físico ou sensorial – crianças paralíticas, crianças cegas, surdas, mudas etc. mesmo que sua inteligência seja normal. Da mesma forma, uma outra criança que apresente distúrbios de conduta, mas com a inteligência preservada, também é enquadrada no conceito de criança excepcional. Os distúrbios de conduta são bem variáveis. Assim, a criança enurética (que urina na cama após os seis anos, sem uma causa orgânica), criança muito agressiva, criança com sono agitado, com hábitos tais como: roer unha, chupar o dedo, são alguns exemplos que mostram o que seria distúrbio de conduta.

Agora vou passar ao outro tópico – o da aceitação da criança no seio da família. Devo esclarecer que toda vez que me referir ao excepcional, eu o estarei considerando dentro daquele sentido amplo, acadêmico.

Todos os pais desejam ter um filho livre de qualquer distúrbio. E, quando se vêem diante de uma criança com algum desses problemas que citei, isso é motivo de sofrimento para eles. E é muito compreensível esse sentimento. Muitas vezes a expectativa dos pais era tão grande em relação ao que seria seu (sua) filho(a), que eles simplesmente não se conformam quando se deparam com uma outra realidade. Podem surgir algumas atitudes que caracterizam uma não-aceitação da criança. Mas, o que é aceitação?

Aceitar uma pessoa é recebê-la integralmente. É ter consideração por ela, com as suas qualidades e limitações. Portanto, aceitar significa acolher alguém por inteiro.

O mais habitual entre as pessoas é aceitar uns e não aceitar outros. Às vezes, no mesmo grupo familiar, os pais revelam atitudes diferentes no contato com os filhos. Vamos imaginar uma família constituída pelo casal e dois filhos. Um deles é o que os pais sempre esperaram – responsável, obediente, educado, um ótimo aluno. O outro, com frequência, desobedece, é desordeiro, não vai bem na escola.

Este segundo menino do exemplo citado, de acordo com aquela definição acadêmica que vimos, seria considerado um menino excepcional. Da mesma forma, atitudes de não-aceitação ou rejeição podem ser encontradas numa família onde haja uma criança com retardo mental, com alguma deficiência de ordem física ou com algum distúrbio de comportamento. E essas crianças não são aceitas porque não correspondem às expectativas dos pais – de terem filhos sadios e ajustados em todos os sentidos.

A experiência de não ser aceita integralmente, sobretudo pelos pais, pode levar uma criança a não render tudo de que é capaz, acentuando ainda mais as suas dificuldades. Como esse assunto é muito amplo e complexo, voltarei a abordá-lo no próximo artigo, quando então comentarei as interfaces da aceitação familiar.

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