Arquivo | agosto 2019

Salada Meraki

                  Salada Meraki

  • Alface americana (à sua vontade).
  • Rúcula (à sua vontade).
  • Cogumelos Portobello (200 g, ou uma bandejinha de supermercado).
  • Tomate seco (1 xíc. de chá).
  • Gergelim branco (1 xíc. das de café).
  • Castanhas trituradas, com mel (3/4 de uma xíc. de chá).
  • Lascas finas, de parmesão Grana Padano (à sua vontade).
  1. Lave as folhas, seque e pique, com as mãos, em pedaços médios. Reserve.
  2. Preparo dos cogumelos Portobello: higienize cada um com papel toalha, para retirar algum resíduo da superfície dos mesmos. Não lave, porque os cogumelos absorvem muita água. Retire os talos e descarte. Corte cada cogumelo em fatias não muito finas, na vertical. Aqueça, numa frigideira média, 3 colheres (sopa) de  azeite, 1 colher (sopa) de manteiga e 1 colher (das de café) de creme de alho, ou 1 dente de alho muito bem amassado.  Acrescente os cogumelos fatiados e deixe que fiquem  al dente, misturando bem. Por último, adicione 1 xíc. (das de café), de shoyo de boa qualidade. Misture, deixe ferver um pouco e retire a frigideira do fogo. Reserve.          
  3. Preparo do tomate seco: retempere o tomate seco com um pouco de sal rosa do Himalaia, pimenta do reino, 1 colher (das de café) de creme de alho – ou  1 dente de alho muito bem amassado – e pimenta do reino. Como o tomate seco já vem com azeite, não precisa acrescentar mais. Reserve.
  4. Preparo do gergelim: aqueça uma frigideira pequena e coloque o gergelim branco. Mexa o tempo todo, até que o gergelim mude de cor e libere um aroma bem agradável.
  5. Preparo das castanhas com mel: você pode usar qualquer castanha (pistache, castanha de caju, amêndoas ou castanha do Pará). Triture grosseiramente (usei um mini processador). Adicione mel o suficiente para envolver as castanhas trituradas. Leve ao microondas por 30 segundos, ou até que as castanhas fiquem macias.
  6. Preparo do parmesão Grana Padano:  com o auxílio de um descascador de legumes, faça raspas ou lascas finas. Reserve.

Montagem da salada Meraki

Numa saladeira transparente, coloque:

  • Folhas misturadas.
  • Cogumelos preparados.
  • Tomate seco.
  • Castanhas com mel.
  • Gergelim torrado.
  • Lascas finas de Grana Padano.

Conserve na geladeira.

Observações: a palavra Meraki, em grego, significa “fazer algo com a alma” ou “doar parte de si em algo”. Como faço tudo com o coração, ou “com a alma” resolvi dar esse nome à minha versão – sofisticada – de  uma salada grega.

Como quase todos os ingredientes já contêm sal, você não precisa colocar mais tempero algum.

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Falando de Psicologia…(25) – Namorar ou “ficar”… eis a questão.

Namorar ou “ficar”, eis a questão

Os jovens falam muito em “ficar” com alguém. Mas, o que vem a ser isso? Por definição, “ficar” implica numa troca de carinhos por um período curto, sem compromisso de namoro.

O adolescente, ao “ficar”, exercita sua descoberta do prazer, da atração física, da sexualidade. E esse “ficar” está isento de vínculos ou de responsabilidades. Aliás, muitos jovens consideram o compromisso como um aprisionamento (referindo-se à dependência psicológica entre os parceiros e a falta de liberdade para vivenciar outras experiências). Pode-se pensar que houve uma perda da auto-estima, ou de valores morais. Mas, o que ocorreu foi uma transformação de valores. Assim, o jovem atual – usufruindo de uma liberdade muito maior – pode procurar seu par para namoro durante os momentos em que ele “fica” com alguém. Há adolescentes que atribuem ao beijo uma qualidade extra: comunicar sintonia entre os pares. A partir daí, pode surgir um namoro.  Em outras palavras, a atração pode ser vivida sem a sensação de um amor romântico (aquele que pede fidelidade, reciprocidade e compromisso, onde o relacionamento humano transcende o simples desejo sexual). O “ficar” caracteriza uma época em que os pais não mais controlam seus filhos e a facilidade de contato propicia novos conhecimentos.

  Namorar abrange um sentido de permanência, de mais consistência na relação, de maior envolvimento. Típico do namoro, o compromisso inclui respeito e amizade, além de atração física. No namoro, à medida que os contatos visuais, telefônicos e físicos se intensificam, a afetividade vai surgindo e transformando a qualidade da intimidade. Há uma interação no campo intelectual, permeado de compromisso um com o outro. Aparece um desejo de continuidade, o que remete ao futuro e ao passado dos pares. Nessa troca afetiva surge um sentimentalismo típico de um par romântico, onde o tempo de namoro é algo bastante valorizado. E entre dois jovens que “ficam”, nem sempre existe afeto aliado à atração física.

  Resumindo:

  • “ficar” corresponde a período breve, num relacionamento;
  • “ficar” não implica em compromisso;
  • “ficar” não implica em sentimentos duradouros;
  • “ficar” não implica em romantismo.

De qualquer maneira, cabe a nós, adultos, zelar pela boa formação dos nossos adolescentes, de tal forma que eles possam vivenciar suas experiências com discernimento e responsabilidade, sem perder a leveza de sua juventude.

Falando de Psicologia … (24) – Nossa necessidade de crer.

Nossa necessidade de crer

À medida que vai descobrindo progressivamente que seus pais não são perfeitos nem onipotentes, que existe um mundo além do círculo familiar, que outras pessoas – sejam crianças ou adultos – vivem de modo diferente do seu, a criança percebe – (embora sem muita clareza) – que o seu universo se amplia enquanto seu pensamento se modifica. A noção que tem de Deus e da religião também terá de passar por essas transformações. O Deus protetor que sua imaginação construiu, o Deus utilitário a quem recorria em caso de necessidade, tende a dissipar-se, dando lugar ao Deus que será invocado de maneira mais desinteressada, com quem será possível estabelecer uma relação mais pessoal. Um Deus menos intervencionista que poderá tornar-se, no início da adolescência, um interlocutor, um confidente e um amigo. A adolescência chega ao fim, mas as transformações continuam…

Na juventude o indivíduo costuma enfrentar mudanças diversas, incluindo as questões religiosas. Muitos universitários vivem momentos de angústia frente a uma pluralidade de indagações para as quais não obtêm respostas que os satisfaçam. Tornam-se adultos cheios de dúvidas de caráter existencial, presas fáceis da perda de fé. Dependendo das circunstâncias, o saldo final poderá ser bastante positivo, na medida em que o amadurecimento psicológico venha acompanhado de um amadurecimento na fé.

Antes de falar sobre esse aspecto, vejamos algumas considerações sobre a perda de fé.

Segundo o teólogo Luís González-Carvajal, “o silêncio de Deus assinala a morte de uma imagem concreta de Deus, pobre demais, que havíamos fabricado para nós mesmos e que, diante de uma situação nova, não responde a nossas expectativas, nos frustrando”. Em seu livro “Nossa Fé, Teologia para universitários”, ele cita afirmativas muito expressivas, de Leon Tolstoi e Tomás de Aquino, a propósito da crise de fé.

Segundo Tolstoi:

“Se te vem a ideia de ser falso tudo o que pensavas sobre Deus, e de que não existe Deus, não te assustes por isso. Acontece a muitos. Se um selvagem deixa de crer em seu deus de madeira, não é porque não haja Deus, mas porque o verdadeiro Deus não é de madeira”.

Tomás de Aquino já dizia que a fé é “menos certa” do que o conhecimento, porque as verdades da fé “transcendem o entendimento do homem”.

Carvajal pondera que, ao trabalharmos nossa insegurança na fé, podemos chegar à seguinte conclusão: “se houve um tempo em que nos acusávamos de ter dúvidas de fé, hoje deveríamos procurá-las de propósito, como a única maneira de irmos passando do deus de madeira ao Deus de verdade”.

E cita essas palavras de Tomás de Aquino:

“É necessário que aquele que queira conhecer qualquer verdade, conheça todas as dúvidas e dificuldades que existam contra aquela verdade, porque, na solução daquelas dúvidas, encontra-se a verdade. Assim, para saber verdadeiramente, ajudam muito as razões de teses contrárias”.  

Tais afirmativas nos permitem inferir que, por mais penosa que seja uma crise de fé, nossa necessidade de crer em algo maior nos leva ao encontro de Deus, mais cedo ou mais tarde. E esse encontro nos mostrará os caminhos para uma vida cada vez mais satisfatória, sob todos os aspectos, onde se complementam aspectos positivos tanto do lado psicológico, quanto do lado espiritual. É importante salientar que um processo integral de amadurecimento (emocional e espiritual) não ocorre de forma linear, contínua. Podemos ter oscilações que vão e voltam indefinidamente, mas isso não invalida nosso mérito, perante Deus. Ele sempre saberá entender nossa finitude e nossa utopia, nos movendo em direção a incessantes buscas de coerência e estabilidade, como se tais características pudessem se harmonizar, algum dia, com todas as nossas imperfeições…

Quero finalizar lembrando João Paulo II, que ao escrever sua encíclica “Fides et Ratio” (“Fé e Razão”), nos ensina que: “a fé e a razão são como duas asas, pelas quais o espírito humano pode voar em direção à verdade”.