Falando de Psicologia… (14) – O adolescente e a autoridade dos pais.

O adolescente e a autoridade dos pais

     Para mostrar aos pais um modo de se chegar ao jovem e de ajudá-lo a amadurecer, vou falar sobre um recurso utilizado por muitas famílias, com o objetivo de repreender o adolescente. Refiro-me às críticas que a toda hora são feitas a ele.

Muitas vezes, os pais tentam corrigir alguma falha dos filhos através de repreensões severas demais. E já se observou que o resultado nem sempre é satisfatório, pois certas críticas têm efeito contrário. Assim, críticas destrutivas provocam ressentimento no jovem, irritação, revolta, atitudes de represália e outros efeitos indesejáveis. E se as críticas se repetem com frequência, o jovem pode se prejudicar de várias maneiras – ele aprende a censurar a si mesmo e a criticar os outros de modo injusto. Aprende a duvidar do próprio valor e a menosprezar o valor alheio. Aprende a suspeitar dos outros e a esperar fracassos pessoais.

Portanto, conforme o modo com que repreendem ou criticam, os pais podem provocar um afastamento dos filhos, além de impedir que eles formem um bom conceito de si mesmos, tornando-os inseguros.

É necessário que os pais tenham em mente a diferença que há entre uma crítica destrutiva e uma crítica construtiva. Sobre a primeira, já vimos quais são os efeitos que ela pode produzir. Quanto à crítica construtiva, podemos defini-la como uma forma de mostrar à pessoa seus erros ou enganos, sem contudo, ofendê-la. Refere-se ao erro cometido, e não à pessoa. Isto é, nunca ataca a pessoa que errou, mas discute a atuação em si. Sendo assim, a finalidade de uma crítica construtiva é apontar o que deve ser feito em determinada circunstância. Vamos ver um exemplo, para ficar mais claro esse conceito.

Um adolescente toma recuperação (ou prova suplementar) em uma determinada matéria e o pai vai falar com ele sobre o fato. Inicia a conversa, perguntando: “Bem, já que você está com esse problema, o que poderíamos fazer para solucioná-lo? Será que algumas aulas de reforço ajudariam você a recapitular a matéria?”

Com essas palavras o pai mostra compreensão pelo que se passa com o filho, sem atacá-lo com críticas irônicas, tais como: “Você é mesmo incompetente, hein? Será que não percebe como seu pai dá duro para pagar seus estudos? Desse jeito seu futuro será o pior possível!”

Um pai que fala dessa maneira por causa de um insucesso na escola, ao invés de ajudar o filho, pode deixá-lo com a sensação de que é um fracasso total, que é culpado pelo sacrifício do pai e que nunca terá a chance de progredir.

E não é só em casos extremos que isso pode acontecer. Muitas vezes, comentários aparentemente inofensivos, podem minar a autoconfiança do jovem, a ponto de agravar os problemas já existentes e de criar outros. Ou seja, o adolescente que é constantemente levado a sentir-se incapaz ou inadequado, acaba aceitando essa avaliação como verdadeira. Poderá perder o interesse pelos estudos e até tomar aversão pela escola. Poderá simular doenças em dias de prova para evitar uma avaliação de fora (no caso, dos professores). Poderá se afastar pouco a pouco dos colegas, por se sentir inferior a eles. Poderá se tornar tão rebelde a ponto de comprometer seu ajustamento familiar e social.

Embora pareça exagero fazer tais previsões, o fato é que o jovem precisa muito de estímulo e de credibilidade para se tornar um adulto livre de problemas como os que citei. É por isso que as críticas devem ser feitas num tom amigável e justo, pois desse modo o adolescente terá mais chance de reconhecer seus erros e buscar soluções apropriadas para suas dificuldades. Com a ajuda dos pais, ele poderá aproveitar da experiência do adulto, sem se sentir ofendido ou humilhado. No lugar de um sentimento de revolta, uma crítica construtiva desperta no jovem um sentimento de respeito pela autoridade. Ao invés de sentir sua integridade ameaçada por um possível autoritarismo, o jovem sente que é, também, uma pessoa merecedora de estima e consideração. E, sem dúvida alguma, os pais desempenham um papel muito valioso em todo o processo de crescimento de cada um de seus filhos, contribuindo de maneira decisiva para a felicidade dos mesmos.

 

 

 

 

4 ideias sobre “Falando de Psicologia… (14) – O adolescente e a autoridade dos pais.

  1. Excelente artigo!!!Como é gratificante esta observação para os pais. Sou professora de matemática. Observo grandes resultados com os alunos quando temos os pais incentivando-os.
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