O que é imaturidade?
Com muita frequência as pessoas me fazem perguntas como essas: “é normal uma criança de seis anos chupar bico?”, ou então: “é normal uma criança de oito anos urinar na cama?”.
Eu não diria que isso seja anormal, mas tanto chupar bico, como urinar na cama, são características próprias de crianças mais novas.
De modo análogo, não é natural que um adulto se comporte como um adolescente (por exemplo, manifestando uma preocupação excessiva com o próprio corpo, ou agindo de maneira irresponsável). E é sobre esse tema que falarei agora. Ou seja, a presença de determinados comportamentos que nós, psicólogos, costumamos englobar sob a denominação de imaturidade.
Do ponto de vista psicológico, dizemos que um indivíduo é imaturo quando há um desnível entre sua idade cronológica (idade real, em termos quantitativos quanto ao número de anos de vida) e o seu comportamento. Assim, ele pode se desenvolver bem fisicamente e, ao mesmo tempo, apresentar uma espécie de retardo afetivo. Em outras palavras, há um atraso no desenvolvimento psicológico do indivíduo, que o impede de “crescer” e agir como alguém de sua idade.
Causas da imaturidade ligadas à infância
- Quando a criança é ou foi superprotegida, por qualquer uma das circunstâncias que citarei como exemplos: filho único, caçula, criança muito doente, criança que nasceu após dificuldades as mais diversas (aborto, morte de um irmão ou do pai, saúde precária da mãe, problemas conjugais etc.).
- Quando a criança é educada num ambiente de instabilidade. Se os adultos que convivem com ela se mostram contraditórios em suas exigências e concessões, o clima que se cria é de insegurança e confusão. E isso pode comprometer o amadurecimento da criança.
- Quando a criança não tem liberdade de ação. Uma disciplina muito rígida pode inviabilizar certas iniciativas da criança, tornando-a dependente e frágil.
- Quaisquer ocorrências que provoquem danos à evolução natural de uma criança.
Vou citar, agora, alguns exemplos de comportamentos que acompanham a imaturidade (no caso da criança): enurese após os cinco anos de idade, rompantes temperamentais (birras, agressividade descontrolada), atitudes regressivas diante de certas dificuldades (quando ela volta a falar como bebê, ou então volta a chorar continuadamente, sem ao menos tentar resolver seus problemas mais banais), mentira, franca oposição a qualquer tipo de autoridade, hábitos diversos (roer unhas, chupar dedo, chupar bico após os dois ou três anos), dificuldade para dormir sozinha, oscilações de humor, além de outros exemplos no gênero.
Para dizermos que há imaturidade psicológica não é preciso que ocorram todos esses comportamentos. A presença de um (ou mais) pode ser suficiente para caracterizá-la.
Tudo isso se manifesta na vida adulta da seguinte forma:
- A pessoa mostra dificuldade em fazer opções (para escolher uma profissão, por exemplo).
- A pessoa age mais por impulsos, sem controle ou crítica (o que corresponde a uma falta de disciplina interior).
- A pessoa não costuma persistir numa tarefa por muito tempo (isto se deve ao fato de que, uma pessoa imatura, tal como a criança medrosa, tem pouca resistência às frustrações e, por isso mesmo, acaba fugindo das situações difíceis, ao invés de enfrentá-las). Ou então, mostra-se irresponsável com os compromissos assumidos.
- A pessoa não consegue encarar a vida com realismo.
- Geralmente, uma pessoa imatura comete muitos erros ao criar seus filhos.
- Em resumo, o indivíduo imaturo (seja ele criança, adolescente ou adulto), é uma pessoa que consome uma energia muito grande, mas com resultados pouco significativos, ou pouco satisfatórios.
Como ajudar uma pessoa imatura?
De duas maneiras:
- Uma ajuda de caráter preventivo, o que se obtém através de: mudanças no ambiente, orientação aos pais etc.
- Psicoterapia ou tratamento psicológico para os casos em que a imaturidade psicológica é um fator preponderante na vida do indivíduo.