Arquivo | fevereiro 2018

Falando de Psicologia… (8) – O apetite de seu filho merece todo carinho.

O apetite de seu filho merece todo carinho

      A época em que vivemos é bastante marcada pela preocupação com aspectos físicos ligados à alimentação, haja vista a proliferação de dietas e de produtos chamados “diet” e “light”.Daí a importância de entendermos como tem início uma inapetência, ou então, um apetite exagerado. Existem mecanismos que estão presentes nos dois casos.Compreendendo o que se passa na infância, fica mais fácil atuarmos de forma preventiva, já que é na adolescência e na vida adulta que as questões alimentares mais sobressaem.

Estudiosos do assunto, ao pesquisar sobre as origens dos principais distúrbios alimentares, chegaram à conclusão de que os fatores afetivos provenientes das relações entre pais e filhos são os que provocam o aparecimento tanto da inapetência, como do apetite exagerado. Estes “fatores afetivos”, em linhas gerais, seriam: rejeição da criança, atitudes de abandono ou de superproteção, atitudes de rigidez ou rigor excessivo no contato com o filho, dentre outros.

Existem alguns fatores orgânicos que podem interferir na redução do apetite. São perturbações digestivas, infecções (incluindo o período de convalescença), intolerância por certos alimentos, além de outras causas que o médico pode encontrar. É fundamental que se faça uma avaliação por parte de um pediatra ou de um endocrinologista, sobretudo quando a criança se encontra num dos extremos: inapetência acentuada (e duradoura) ou apetite exagerado, comprometendo sua saúde de forma abrangente.

Afastada a hipótese de causas orgânicas, podemos pensar nos fatores psicológicos que costumam dar origem a uma alteração no apetite. Vejamos alguns que são comuns na inapetência e no apetite exagerado: necessidade de chamar atenção, insegurança, quando a criança se sente infeliz, quando está sob tensão, quando sente muito medo e, como já foi dito, quando se sente rejeitada ou quando é superprotegida. É fácil deduzir que o alimento passa a constituir elemento compensatório (sobretudo quando a criança come em excesso). Há casos em que a conduta alimentar inadequada revela uma necessidade de agredir, de atingir os pais. Agindo assim, a criança pode experimentar culpa. E a ansiedade provocada por esse sentimento pode resultar em novas situações de inapetência ou apetite exagerado. Instala-se, então, um círculo vicioso. Muitas vezes o problema requer a procura de um psicólogo, pois nem sempre as mudanças no ambiente são suficientes para reverter um quadro de distúrbio alimentar. Para tranqüilizar os pais, darei algumas sugestões que podem ser úteis. Por exemplo:

  • Fazer o possível para agir com naturalidade na hora das refeições. Todo exagero – aplaudindo ou recriminando – o apetite de uma criança, pode levá-la a atitudes de manipulação, interferindo no seu relacionamento com os pais.
  • Não prometer castigos nem presentes caso a criança coma, ou não, a quantidade desejada pelos pais.
  • Evitar comentários que representem ameaças para a criança (referindo-se a ficar muito fraca e não crescer, ou ficar obesa e pouco atraente).
  • Elaborar um cardápio bem balanceado em termos de nutrição e paladar (para isso a orientação – de um médico ou de um nutricionista – muito vai ajudar).
  • Reavaliar as condições pessoais (se os pais estão felizes, por exemplo) e as condições ambientais.
  • Enfim, checar até que ponto nosso bom senso está atuando, ou não.